sábado, 29 de setembro de 2012

O dia, a semana, o mês

Me apropriei da música do Ira! para este post, porque acho que tem muito a ver com ele ou, simplesmente, com minha necessidade de escrever algo, antes que meus seis leitores me abandonem de vez.
Na verdade a primeira estrofe da canção irada já diz muito sobre mim: "O que me prende às pessoas é a procura de um espelho que reflita uma imagem pelo menos semelhante".
Acredito que todos busquemos imagens semelhantes naqueles com quem convivemos, mas, na maioria dos casos, encontramos apenas traços de similaridade e, nem sempre esses traços são suficientes para tornar as pessoas mais atraentes.
Dizem por aí que os opostos se atraem, no entanto, ninguém consegue conviver muito tempo com pessoas diferentes em tudo. Que contribuição alguém que discorda de você em tudo pode lhe dar? Aí, os "sabe-tudo" de plantão dirão que você pode aprender muito com alguém que não tem as mesmas ideias que você.
Neste ponto eles podem ter razão, mas não é este ponto que estamos discutindo. Discutimos a necessidade de viver entre os nossos, de completarmos pensamentos, não de sermos antagonistas.
A oposição de ideias é uma das coisas mais fabulosas que existem, porém, ninguém vive 24 horas por dia, sete dias na semana, quatro semanas por mês, pensando em como combater a quem não pensa igual. É desgaste desnecessário.
Em algum momento das nossas preciosas horas é preciso estar entre os seus, na sua zona de conforto, com aqueles que podem discordar de você, mas que vão ajudá-lo a completar sua ideia, vão contribuir para que seu pensamento seja inteiro e não apenas um fragmento.
Claro que muita gente vai dizer "o que seria do azul se todos gostassem do amarelo". Ao que eu respondo: calem-se! Não estou falando do gosto pessoal. Tenho amigos que gostam de pagode e sertanejo e nem por isso deixam de ser meus amigos. Por quê? Porque temos esse fragmento de similaridade em alguma coisa, ou seríamos adversários.
Nem sempre gosto de estar com outras pessoas. Gosto de me esconder no meu canto e fazer as coisas que gosto, ler meus livros, ouvir meus discos. Tenho amigos com quem não falo há tempos, mas sei que se eu telefonar será como se tivéssemos nos visto ontem.
É assim que tem que ser. Este é o espelho, aliás, mais do que um espelho,é um retrato pintado à mão, aquele que parece com você, mas não é totalmente igual. E assim vamos vivendo.