quarta-feira, 31 de julho de 2013

Esperando...

A mulher sentou-se no único banco vazio da praça. Não sabia o que fazer, se continuava esperando ou deixava isso para lá. Seu companheiro de todas as horas (ou pelo menos ela pensava que fosse) foi embora ao saber que ela estava esperando. Ele não queria esperar.
Na praça a vida corria, enquanto lágrimas desciam lentamente de seus olhos molhando sua face. Ela olhou o movimento. Uma mulher na calçada, com uma criança no colo, esperando a compaixão de alguém. Um menino no farol, tentando fazer malabarismos, enquanto os vidros dos carros se fechavam. Ela também fechava seu vidro no farol.
Carros de polícia passam pela rua, com as sirenes ligadas, em mais uma perseguição. Na loja em frente à praça, as tevês estavam ligadas em um daqueles programas vespertinos, onde só falta jorrar sangue pela tela.
Não valia a pena esperar, ela decidiu. Porque nada do que acontecia no mundo parecia fazer sentido. Então, por que continuar esperando? As lágrimas continuaram a descer, pois ela ainda mantinha uma ponta de esperança.
Em meio a tudo isso, eis que surge na praça outra mulher. Uma criança pelas mãos e um cachorro na outra. A mulher soltou a coleira do cachorro e ele saiu feliz, pulando para o meio da grama, enquanto a criança ia atrás. A outra sentou-se ao lado dela e sorriu. Ela olhou para a mulher, para a criança e para o cachorro e sorriu. Colocou as mãos sobre o ventre e decidiu que valia a pena, sim, continuar esperando.