sábado, 6 de dezembro de 2014

Eu tento fazer poesia...

Luz

Entendo a luz como um efeito disforme de cores
Não me vejo no espelho
Sinto do mundo as dores
Acordo mais cedo, mas não sei aonde ir
Caminho a passos largos por ruas estreitas
Olho para o infinito, olho para lugar nenhum
Minha vista cansada arde
A fumaça inebria de um jeito doentio
Volto pra casa cansado e doente
Deito na cama sem dormir
Durmo para não querer acordar
A janela traz os barulhos de fora
Equívocos, tiros, buzinas
A voz esganiçada louvando um deus surdo
Finjo de morto, rolo na cama, ligo a TV
A doença do mundo invade meu cérebro
Que se esvazia enquanto o jornal me massacra
Transito por canais com programas inúteis
Pessoas fúteis, notícias amargas
Filmes antigos, enlatados gringos
Está na hora de sair
Mas a luz me ofusca
Perdi meus óculos escuros