quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O Brasil não está e nem será dividido, ele sempre foi...

Nesses tempos onde parece que a razão foi posta definitivamente de lado, principalmente do lado azul, mas sem isentar o lado vermelho, vive-se uma discussão de que o País está dividido ou que será dividido, independentemente de quem vença as eleições. Mentira. O Brasil sempre foi dividido. Antes de mais nada, para os azuizinhos que adoram dizer que o PT quer dividir o Brasil, semeando a discórdia, deixe de ser hipócritas, pois vocês já fizeram essa divisão, em 1.500.

Só quem já foi seguido pelo segurança de um shopping ou de uma loja sabe o que é viver em um país dividido. Só quem já foi parado pela polícia pela cor da pele ou ela roupa que veste, sabe o que estou dizendo, só quem já foi marginalizado por sua profissão, credo, sexualidade, sabe o que estou dizendo. Não tentem colocar na boca de qualquer petista o discurso do ódio que vocês repetem como mantra há tantos anos.

Ser filho de pai negro e mãe branca me ajudou a ver como nossa sociedade burra e subdesenvolvida vela seus preconceitos. Onde já se viu, um negão com uma branquinha e filhos alvinegros? Minha pele mais clara nunca me ajudou, pelo contrário, muita gente sempre olhou torto ao me ver de mãos dadas  com meu pai e, mesmo anos depois, ao vê-lo de mãos dadas com seu neto, meu filho.

E não estou dizendo que o preconceito está apenas nos coxinhas do outro lado da ponte sobre o Tietê. Muita gente do lado de cá olhava torto com aquela cara de "isso não está certo". Mas o que está certo? As pessoas conseguem adorar a um mesmo Deus e ainda assim brigar pelo monopólio de adorá-lo. É ridículo.

Não se trata de nós contra eles, do povão, da elite, do branco, do negro, do coxinha, do descolado, do patrão, do empregado. Não deveria haver nós e eles, mas é difícil colocar na cabeça das pessoas esse tipo de ideia. A intolerância é um veneno que mata aos poucos, isso quando não mata rápida e violentamente. E a pior parte é que a intolerância sempre esteve aqui e parece que criou raízes.

Quando alguém faz um discurso chamando nordestinos de burros por votar neste ou naquele candidato, é preocupante, mas ao mesmo tempo é um alento, afinal, os racistas, intolerantes, preconceituosos, machistas estão mostrando sua cara e todos vestem azul (e amarelo).

E para que não me acusem de generalizar, sei que nem todos os que estão com o candidato a motorista da Granero (o homem da mudança) pensam como os filhotes da ditadura (valeu Brizola) que abraçaram Aécio Neves como um novo brinquedo e uma nova esperança de recuperar seus privilégios, garantidos pelos milicos da ditadura. Mas, infelizmente, vocês que não possuem nenhum dos adjetivos negativos que citei, estão abraçados aos que tem, em nome de um único fim, eleger Aécio. Me perdoem, mas omissão também é crime.

Vivemos em um país dividido desde 1.500, quando os coxinhas de Portugal invadiram o Brasil e mataram os índios. Não adianta tentar imputar a culpa de seus preconceitos a um partido ou a uma pessoa. A culpa é de vocês, que estiveram sempre lá e nada fizeram a não ser aumentar mais e mais essa divisão. Lamento se a verdade dói e lamento que vocês achem que o mundo é tão de vocês que ninguém pode pensar o contrário e, pior, se atrever a externar seus pensamentos.

O mundo mudou, meus caros. O Brasil mudou. Querendo vocês ou não, a gente diferenciada e desinformada está aqui, como sempre esteve, só que agora essa gente não tem porque se esconder e não tem porque temer. Vocês dividiram nosso país, nós saímos da sombra para juntar os pedaços dele e devolvê-lo a quem de direito e convidá-los para caminhar juntos e transformar o Brasil em um lugar bom para todos. Agora, se ainda quiserem o Brasil dividido, por favor, peguem o mesmo voo que o Lobão. Miami os aguarda.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

A vida é uma aventura, Pedro

Parece que foi ontem que você nasceu e quase cabia na palma da minha mão. Tinha medo de pegar você no colo, porque sempre parecia que ia parti-lo ao meio, ou derrubá-lo, tal fragilidade de ser tão pequenino. Acho que todo pai se sente assim, afinal, diferente da mulher, que tem esse instinto natural de mãe, nós somos naturalmente desajeitados. Mas sobrevivi aos primeiros dias, semanas, meses. E você também, rs.

Gostava de embalar você nos meus braços e tentar fazê-lo dormir. Sim, tentar, porque as longas madrugadas passavam e você insistia em ficar me olhando. Acho que esgotei todo repertório de músicas calmas que eu sabia e, pensando bem, acho que você não dormia porque me ouvir cantar era uma tortura, mas como você não chorava, achei que podia funcionar. O melhor mesmo era conseguir o milagre de fazer você pegar no sono e, ao colocá-lo no berço, você abrir os olhos como quem diz: "por que parou?"

O tempo foi passando e você deu os primeiros passos, deu seu primeiro chute, descobriu que correr por aí é um grande barato, descobriu que riscar as paredes era uma obra de arte e que pintar os balões com as falas dos personagens do gibi era muito legal.

Veio a escola e a angústia de não saber se você ia se adaptar, se você ia se dar bem, se ia gostar. Mas parece que tudo o que é difícil para um pai é fácil para o filho. Confesso que sou medroso em tudo que diz respeito a você, mas que pai não é?

Mudamos de lá para cá, daqui para lá e você crescia, se divertia, e dava tantas alegrias que mesmo os momentos mais conturbados foram superados, com dificuldades, mas sabendo que valeria a pena continuar lutando, porque não era o meu futuro que estava em jogo, mas sim o seu.

Nem tudo foram flores, mas que criança não tem seus momentos de teimosia e de traquinagens. Não fosse assim não seriam crianças. Perdi a paciência algumas vezes e me arrependi de todas elas.

E assim viemos até aqui. Nove anos depois você não cabe mais na minha barriga, apesar de insistir em deitar sobre ela. Hoje é um dia tão especial, que talvez nenhuma palavra seja suficiente para dizer o quanto você é importante e o quanto fez diferença na minha vida. Meu pequeno herdeiro Pedro, feliz aniversário! Espero que possamos passar muitos mais juntos e que sua vida seja essa grande aventura sempre, que começou nove anos atrás e deve continuar por mais 90, no mínimo.

Amo você carinha. Felicidades.