domingo, 27 de novembro de 2011

Divagando...

Eu costumava andar por aí, meio sem rumo, sem saber o que fazer. A necessidade de ter algo para fazer é um grande inimigo, mas tem gente que acha estiloso ser entediado. Talvez fosse, nos anos 80.
Muita gente não se atualizou. Eu mesmo tenho alguns vícios que carrego até hoje. Adoro ouvir discos de vinil, uso jeans, camiseta e All Star como se não houvesse amanhã e ouço bandas velhas.
Podem até me censurar, mas não exagero. Até porque, tudo que era baixa renda antigamente, hoje é cool. All Star era tênis de pobre, Hering era camiseta de pobre usar na escola, naquela combinação ridícula de calça de tergal e camiseta branca, e usar calça rasgada era coisa de marginal. Tudo isso é grife.
Mas, espera aí, divaguei de novo. Isso não tem nada a ver com o primeiro parágrafo deste texto. Estava falando do tédio. é, aquele velho conhecido.
Nos anos 80, com o pós punk e o surgimento das tribos góticas, o tédio virou estilo. Alguns playboys tentaram copiar e formaram a turminha dos "darks", gente classe média que usava roupa preta de grife. Foram os primeiros emos. Não confunda gótico com darks/emos. Não há relação entre eles.
Não ter o que fazer era um drama e virou tema de música, com Biquini Cavadão (Sentado no meu quarto, o tempo voa, lá fora a vida passa e eu aqui à toa...) e Legião Urbana (Tédio com um T bem grande pra você...). A juventude oitentista parecia fadada à falta de opções, afinal as notícias que vinham de fora mostravam que o mundo girava pela Europa, EUA e Japão.
Não é à toa que bandas brasileiras como Sepultura e Viper faziam sucesso lá fora antes de serem conhecidas no Brasil.
Mas tudo isso passou. Ser entediado agora é sinônimo de ser careta, sem amigos, mal relacionado, etc, etc, etc. O mundo se conectou e nós viramos escravos da nova ordem, mas pense bem, continuamos sem opções.
Eu mesmo tenho 456 "amigos" no Facebook, mas nem metade disso se relaciona comigo. É claro que há amigos de verdade e todos os que estão na minha lista de amigos estão lá porque admiro e gosto. Se você está na lista, parabéns, se não, tente me adicionar, quem sabe eu não goste de você.
Resumindo: temos muito a fazer, mas tentamos copiar o que não foi feito antes. Ser cool é mais do que usar a roupa da moda. Não ter o que fazer não é um drama e nem precisa ser estilo. Só precisamos lembrar de viver, cada um à sua maneira e todos em harmonia.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Eu tento fazer poesia...

Eu tenho medo

Eu tenho medo...
Quem me vê não percebe o medo que sinto
Quem me cerca não sabe o pavor de viver que tenho
Tenho medo da morte
Tenho medo de altura
Tenho medo de tudo dar errado
Tenho medo de tudo dar certo...

Eu tenho medo...
As pessoas passam por mim e sorriem
Mas não sabem que meu sorriso é temeroso
Tenho medo de arriscar
Tenho medo de perder
Tenho medo de ganhar
Tenho medo que descubram que tenho medo...

Eu tenho medo...
Mas sigo meu caminho 
Esperando que não haja obstáculos
Tenho medo de dormir e não acordar
Tenho medo de acordar e sair
Tenho medo de sair e não voltar...

Sobretudo, tenho medo de que o medo me domine
Tenho medo de entregar os pontos
Tenho medo de desistir
Tenho medo de temer aquilo que não devo
Tenho medo...
Mas maior que o medo é o desejo de chegar

terça-feira, 1 de novembro de 2011

"Pi"

Vocês não devem ter entendido o título desta postagem, mas vou explicá-lo chamando de volta algumas coisas que acontecem na infância. Pergunte a uma criança que não sabe falar direito qual é o nome dela e, invariavelmente, ela vai errar e, sim, será engraçado e vai acabar virando apelido.
Meu pequeno herdeiro, o Pedro, por exemplo, dizia que seu nome era "Tedum" e não Pedro. Tedum ficou até ele começar a reclamar que seu nome era Pedro. Apesar disso, ainda sofremos alguns deslizes e o chamamos de Tedum, exceto minha sobrinha Natália, que o chama assim porque é adolescente sem noção mesmo (sacaneei).
Pois bem, feito esse preâmbulo, devo lembrar meus seis leitores que tenho outra sobrinha, a Isabela, filha do meu irmão Fernando. Ela tem um ano e ainda não fala, a não ser a língua dos bebês. Isabela ficou bem próxima do Pedro desde que nos hospedamos na casa de minha mãe e ela começou a ficar as tardes por aqui.
A pequenina adora meu pequeno herdeiro e fica chamando por ele, mesmo quando ele não está em casa. Mas, como não sabe falar Pedro ainda, Isabela desenvolveu um jeito todo especial de chamar o primo. É aí que entra o "Pi".
Para Isabela, Pedro é simplesmente "Pi" e, segundo me contam, ela chama por ele a todo momento. Ontem, Isabela esteve aqui e pude presenciar a cena. Enquanto Pedro estava no quarto, ela ficava na sala, ao pé da escada, gritando: "Pi, Pi, Pi".
Só que meu pequeno herdeiro dormiu e ela veio até o quarto chamar por ele, trazida pela avó. A menina apontava e chamava, mas o pequeno herdeiro não se mexia. Até que ela resolveu tomar uma atitude mais drástica e começou a puxar a manga do pijama do Pedro, para tentar acordá-lo. E ele acordou. Só aí Isabela ficou satisfeita.

Pedro e Isabela fingindo que vão dormir. Até parece...

28 dias

Meus seis leitores devem estar furiosos comigo e com razão. Afinal, os deixei órfãos durante um período muito longo, mais do que eu gostaria.
Na verdade, não posto nada desde o dia 21 de setembro. Sei que faz mais de 28 dias, mas o assunto aqui não é exatamente o tempo que fiquei sem postar, mas o tempo que fiquei, digamos, sem viver.
Quem trabalha em comunicação sabe que sábados, domingos e feriados não são exatamente sábados, domingos e feriados. Na maioria das vezes esse dias são tão úteis como qualquer outro para jornalistas, produtores, redatores. Tudo depende de onde você trabalha.
No meu caso estou no R7 há mais de um ano. Entrei para cobrir a terceira edição da Fazenda e permaneci por lá. Em 18 de julho embarquei para Itu, para cobrir a quarta edição da Fazenda in loco. Foram três meses árduos.
Minha última folga foi no dia 2 de outubro e, depois disso foi final da Fazenda e cobertura dos Jogos Pan-Americanos. No total, 28 dias em que minha mala ficou no meio do quarto por desfazer, pois não tinha tido tempo. Aliás, quem desfez a mala não fui eu.
O Pan terminou no domingo (31), trabalhei ainda na segunda (1º) e, finalmente estou de folga. Foram 28 dias sem sair de cima. Dias longos e cansativos que deram lugar a uma merecida folga. Não é o post dos sonhos, meus leitores, mas era necessário para que entendessem minha ausência. Mas agora voltei. Renovado!


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Então, é Primavera?

Dizem por aí que o Inverno acabou. Parece que se cansou da nossa rotina e do estranho gosto que os brasileiros têm pelo sol. Segundo consta, o Inverno bem que tentou esfriar as coisas por aqui, mas tudo indica que ele só foi bem sucedido por alguns dias e só teve mais tranquilidade no sul do País.
As últimas informações dizem que o Inverno se dirigiu para outros países, que parecem aceitar melhor sua presença. Em alguns deles, tem até neve, para se ter uma ideia da influência dele.
Apesar de ter partido, dizem que o Inverno deixou algumas representantes, umas certas Frentes Frias, rebeldes e fiéis seguidoras do Inverno. Mas elas se exilaram no oceano Atlântico e na Argentina. Aliás, parece que o Inverno tem excelente penetração no País vizinho.
Enfim, ele se foi. Muitos adeptos de sua ideologia vão atrás dele no hemisfério norte, outros, estão felizes que o Sol tenha mostrado seu poder e afastado essa força rebelde do inverno, que insiste em fazer sua revolução no patropi.
Agora, o Sol escolheu a Primavera como representante, enquanto seu verdadeiro escolhido, o Verão, não chega de viagem. Antes de partir, o Inverno acusou o Sol de nepotismo, afinal, colocar a prima para tomar conta do país não pareceu muito correto.
A acusação surtiu efeito e o Sol se escondeu e não apareceu na posse da Primavera. Quem estava lá, protestando eram as Nuvens e a Chuva, organizados pela Frente Fria.
O Inverno também acusou a Primavera de tentar subornar a população, com dias quentes e flores, além de um tal de Romantismo. Aliás, as colunas de fofoca dizem que o Romantismo foi visto de mãos dadas com a Primavera. Ela não negou...

Sobre pessoas que se acham

Tenho 41 anos. Desde que me conheço por gente convivo com pessoas de todos os tipos. Se você olhar minha lista de amigos verá gente com estudo, sem estudo, pobre, bem de vida, cristão, ateu, roqueiro, pagodeiro, enfim, uma variedade sem fim de gente, diferentes em muitos aspectos, mas, tendo em comum, o fato de eu gostar delas, ou não chamaria de amigos.
Mas no meio do caminho sempre tem uma pedra, alguém que se julga indispensável, alguém que se acha a última bolacha do pacote. São essas pessoas que me incomodam.
E não é de hoje. Sempre me incomodaram. Na infância, me incomodavam aqueles que tinham os melhores brinquedos, eram os donos da bola, ou o pai tinha carro, por isso se julgavam melhores do que os outros. Esses eram tão confiantes de sua importância no mundo, que acreditavam piamente serem fundamentais para uma brincadeira ser agradável. Não eram. Pelo contrário. Invariavelmente, quando eles chegavam, acabava a brincadeira.
Na adolescência isso não mudou. Os que se acham tinham sempre as melhores roupas, os melhores tênis, lavavam os carros dos pais classe média como se fossem deles. Esses também se julgavam essenciais para a vida das pessoas. Espero que a vida tenha mostrado que eles não eram tudo isso que acreditavam ser.
Por fim, a vida adulta trouxe novos amigos. A vida profissional se encarregou de apresentar mais alguns e, no meio de gente muito boa, cuja amizade guardo até hoje, apesar de não ter muito contato com inúmeras pessoas, também havia aqueles.
Isso não acabou. Conheço muita gente que se acha, muita gente que se julga indispensável, muita gente que acredita tanto em si mesmo que transforma um possível qualidade em defeito irreversível.
Algumas pessoas creem que podem simplesmente fazer o que bem entendem e ainda reclamam ou fazem bico quando alguém lhes traz de volta à realidade. Não entendo e não aceito esse tipo de comportamento. Não gosto desse tipo de atitude.
Sempre ouvi que minha liberdade acaba quando começa a liberdade do meu próximo e carrego isso comigo como tesouro. Acredito nas pessoas, na boa índole delas, mas há algumas incorrigíveis, há aquelas que deveriam ter levado um choque quando eram mais novas, para aprenderem a se comportar, mas não levaram.
Esse tipo de gente tem uma dificuldade enorme de ouvir não e quando ouvem, transformam-se em vítimas, se fazem de coitadas. Mas é preciso chacoalhar essa gente: vocês não são indispensáveis! O mundo não gira em torno de vocês!
Aos meus amigos, tudo. A essa gente que não me interessa, vamos pedir piedade...

domingo, 28 de agosto de 2011

O homem na mesa do canto

Ele chegou e escolheu a mesa do canto. Havia apenas um casal no local, mas ele sabia que isso ia mudar. Em breve outras pessoas chegariam.
Ele pediu um chope e uma pizza pequena enquanto observava o movimento na rua. Sozinho.
Logo chegou uma família, pai, mãe e filha. Três senhoras também apareceram. Pessoas alegres, ou, pelo menos aparentavam ser.
O chope chegou, a pizza também. O primeiro casal partiu, mas chegou outro e ocupou outro lugar.
As três senhoras conversavam. A família estava afastada, ele não pôde ver.
Mais pessoas chegam. Duas meninas, um rapaz. Elas sentam de um lado ele de outro. Não são namorados. Ele é novo, elas também. Observam o movimento. Pouco.
Ele pensa em quantas vezes passou por lugares assim com amigos e com a família, hoje, longe.
Pede a conta, paga, atravessa a rua, pede a chave para o recepcionista do hotel. Boa noite. Fim.

Clipes que eu curto

Para quem nunca viu, aqui está o clipe oficial da abertura de Friends, I'll Be Ther For You (The Rembrandts):

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Passageiros

Em geral, temos visto que o mundo nos coloca no mesmo barco. Cabe a nós, como seres livres, ou quase livres, buscar outras formas de atravessar o oceano da vida, sem termos que nos espremer uns contra os outros em busca de um lugar ao sol.
Por onde vamos, com quem vamos e aonde queremos chegar, é o que determina se nossa jornada será bem sucedida ou não. Para os que creem em Deus, o céu será o limite.
Para os que acreditam em forças superiores, um estágio acima é o que nos espera. Para os que não acreditam em nada - se há quem não crê em nada - é, simplesmente o fim da viagem.
Para mim? Ora, quem sou senão mais um no convés de um navio escolhido a dedo, mas tomado por outros, que como eu, buscam apenas a melhor forma de atravessar.
Seja o que estiver do lado de lá do oceano, é apenas a próxima etapa da jornada. Talvez ela não termine. Talvez quem determine o paraíso sejamos nós, mas independentemente disso tudo, o fato é que somos sempre passageiros.

domingo, 14 de agosto de 2011

Oi, pai

Oi, pai, tudo bem?
Por aqui está tudo ótimo.
Hoje é nosso dia. Parabéns. Fico triste por não ter passado o dia com você, mas são coisas que acontecem. Saiba que estive aí em espírito.
Tenho um monte de coisas para falar, mas não sei exatamente por onde começar. Nós nunca fomos de falar muito, não é?
Mas eu queria que soubesse que, mesmo com poucas palavras, você sempre soube o que dizer.
Eu tenho muito orgulho de ser seu filho e tenho certeza que, apesar dos percalços no meio do caminho, você se orgulha de mim também.
Hoje posso dizer que aprendi demais com você, mesmo não demonstrando isso na maioria das vezes.
Grande parte das coisas que tento passar para meu, quer dizer, nosso, pequeno herdeiro, veio de você.
Dignidade, caráter, honra, respeito, enfim, valores que levamos para a vida toda. É isso que tento transmitir ao Pedro e, acho ótimo que você esteja presente para fazer todas as vontades dele e "estragá-lo".
Afinal, esse é o papel do avô. O meu papel é amenizar esse "estrago".
Queria que pudéssemos passar mais tempo juntos. Queria ir ao estádio com você. Se deu conta de que nunca fomos ver um jogo de nosso time juntos? Queria tanta coisa e nem sei qual seria a mais importante.
Quero que saiba também que, para mim, todos os dias são seus dias. Todos os momentos da vida tento imaginar o que você faria.
Todo o tempo lembro do que você me ensinou, mesmo que esse ensinamento não tenha sido com palavras.
Amo você, meu velho e, mesmo que não tenha dito isso ao longo de minha vida, quero que saiba que nunca deixei de amá-lo, nem quando tivemos nossas crises.
Ainda bem que você está por perto para me ajudar a criar meu filho. Sei que tem muito a ensinar para ele e sei que ele aprende muito com você todos os dias.
Feliz Dia dos Pais, meu velho.
Amo você.
Seu filho.




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu tento fazer poesia...

passei os dias olhando as horas 
pensando em quantas vezes me vi assim
desprovido de pensamentos
simplesmente olhando
há momentos que não percebemos 
o quão difíceis são nossos dias 
e assim vivemos mais intensamente
há dias que não sabemos 
se as horas passam no compasso acelerado 
de nossos corações em fúria
ou se simplesmente se arrastam 
na cadência lenta e gradual 
dos passos infantis que nos cercam
olhei em volta de mim e não me vi
refletido no espelho das almas alheias 
que insistiam em me cercar
não me sinto apenas sozinho
me sinto desprovido de mim
nos absurdos que a vida prega
nas peças que assistimos sem ver
e nas calçadas calcadas na areia,brincamos
na ânsia infinita de ver e ver e ver
sem jamais ouvir, sentir ou pensar além

Velharias que circulam por aí

Parafraseando Zeca Baleiro, "Kid Vinil, quando é que tu vai gravar CD?". Para começar mais uma das inúmeras seções deste blog, nada como um bom e velho clipe.
O clipe abaixo é tosquíssimo e a música fez um puta sucesso no começo da década de 80. Com vocês, o grupo Magazine cantando Sou Boy.

O dentinho do Pedro

A distância às vezes nos impede de fazer parte de momentos importantes da vida de nossos filhos. O trabalho me tirou do conforto do lar e me colocou em um hotel em Itu, longe de minha cúmplice e de meu pequeno herdeiro.
Nesta semana, mais um acontecimento importante na vida do Pedro não teve minha presença. Se meus seis leitores me perguntarem, direi que me sinto mal por isso, mas acredito que ele entenda a ausência momentânea do pai.
Meu pequeno herdeiro perdeu seu primeiro dentinho. Está banguelinha! Pelo telefone, ele já narrou que outro dente está mole e deve cair em breve.
Ah, a "fada do dente"também passou por lá e deixou uma generosa quantia pelo dentinho.
- Foram duas notas de cinco, pai!
Só espero que esse valor se justifique por ser o primeiro dente, porque se for pagar essa quantia por cada dente, a "fada" vai à falência...

Pedro mostrando sua primeira janelinha

terça-feira, 9 de agosto de 2011

7 de agosto

Você sabia que 7 de agosto é o 219º dia do ano? Isso significa que, no ano em que você nasceu, teve de esperar 219 dias para vir ao mundo.
Você sabia que no dia 7 de agosto, Simon Bolívar derrotou os espanhóis na Batalha de Boyacá, Pablo Picasso terminou seu quadro O Tomateiro e Tim Berners-Lee inaugurou a World Wide Web colocando o primeiro site no ar?
Você sabia que em 7 de agosto nasceram Yoná Magalhães, Caetano Veloso, Vera Holtz, Bruce Dickinson, David Duchovny, Charlize Theron e até a espiã Mata Hari?
Aposto que você não sabia metade dessas coisas. Eu também não. Na verdade, todos esses acontecimentos não têm a menor importância para o dia 7 de agosto.
Nenhum dessas pessoas que nasceu em 7 de agosto têm a menor importância.
A única coisa que importa ser dita sobre o dia 7 de agosto é que você veio ao mundo e, com isso, deixou o meu mundo melhor.
Por mim, a América poderia continuar em poder dos espanhóis, Picasso poderia ser um mero pintor de paredes, a WWW nem precisaria existir, se não houvesse você.
Você é minha heroína, libertadora, artista, cantora, atriz, revolucionária, mãe, mulher, minha cúmplice.
É por você que acordo todos os dias e respiro, dou risada, choro, desafino, desafio. É por você que o tempo para, que as ondas do mar se acalmam, que o cinza da cidade grande se transforma em colorido, que o tédio do Interior se transforma em festa.
É por você que o mundo gira. É por você que o 7 de agosto é tão especial, porque você nasceu nesse dia e me fez renascer a cada dia pelo simples fato de existir e de estar ao meu lado. Te amo, todos os 365 dias do ano.





Sobre perdas e casamentos

Desde que nascemos sabemos que a vida reserva surpresas, algumas agradáveis, outras não. Muitas vezes os acontecimentos bons e ruins vêm de mãos dadas, como parece ser a regra.
Afinal, dizem que há uma linha tênue entre o amor e o ódio, o bem e o mal, a força e a fragilidade. Quem não lembra do ditado "há males que vem para o bem"?
É claro que, sempre que algo ruim acontece, esquecemos de coisas agradáveis. Algo que considero estranho, já que, precisamos de energias positivas para superar o que há de mal.
Na semana que passou tive dois acontecimentos (três, na verdade, mas o terceiro merece um post à parte). Na quarta-feira (3) uma tia muito querida nos deixou e partiu para outro plano.
O choque foi grande, afinal ela era uma das mais novas das irmãs de meu velho pai. Nossa querida tia estava doente, internada há algum tempo, e não resistiu. A tristeza foi grande. Ainda é, de fato.
Três dias depois, outro sentimento, desta vez de alegria. Depois de idas e vindas na vida, meu primo Fábio casou-se. Como todo evento familiar, foi um acontecimento marcante.
Talvez não pela cerimônia em si, mas pelo que veio depois. Não é todo dia que as ruas da cidade recebem um casal recém-casado saindo da igreja de moto.
A cerimônia, a comemoração, as conversas familiares foram apenas um detalhe diante do que vemos na foto abaixo. Felicidades.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quando seu filho chora

Meus seis leitores estão acostumados a acompanhar as peripécias do pequeno herdeiro por este blog, mas acredito que nunca tenha contado coisas tristes que aconteceram na nossa relação pai e filho.
Talvez porque seja mais justo com as crianças que divulguemos os momentos em que elas nos fazem sorrir, seja por suas observações, seja por suas vontades. Mas há passagens tristes que devem ser lembradas, até como exemplo do que devemos superar para dar ao filho tudo o que ele merece e precisa.
Por força da profissão de jornalista, já me mudei algumas vezes. Quando o pequeno herdeiro nasceu, eu morava em Araçatuba e minha cúmplice estava em São Paulo. Só quando Pedro tinha sete meses é que passamos a viver todos juntos, desta vez em Bauru.
No ano passado, voltei para São Paulo para trabalhar temporariamente no R7 e deixei, de novo, a Layla e o Pedro sozinhos. Mas ele superou bem, assim como ela. No começo deste anos, nos unimos de novo, em Sampa.
Mas não é fácil ser jornalista. Por força das circunstâncias tive que ir para Itu, para trabalhar no site da Fazenda. Até outubro estarei exilado por aqui. Foi exatamente na hora da despedida que meu coração apertou.
Quem tem filhos sabe a dificuldade de se despedir deles. Na hora de dar tchau eu desabei. O que acontece quando seu filho vê você para baixo? Ele cai junto.
Meu pequeno herdeiro se desmanchou em lágrimas e, essas lágrimas me doíam como se estivesse levando punhaladas. Cada gota que caía dos olhos do Pedro me atingia no fundo da alma.
Ficamos uns cinco minutos abraçados e, apesar de saber que eu deveria ser forte e pedir que ele fosse um bom menino, cuidasse da mamãe, fizesse a lição de casa, obedecesse, não conseguia articular uma palavra, só conseguia chorar.
Hoje, duas semanas depois, ele parece mais tranquilo. Nos falamos todos os dias e no final de semana estarei de folga. Mas não pensem meus seis leitores que está sendo fácil. Eu diria que está sendo quase insuportável.
Mas vai passar logo e daqui a pouco estaremos os três juntos de novo, eu, minha cúmplice e meu pequeno herdeiro. Aí, sim, vamos rir muito juntos.

Nova ortografia by Pedro

Palavra de hoje: Subinte

Significado: Rolante

Empregada na frase: "Vamos pela escada subinte".


Nota do blogueiro: Apesar de ter corrigido o pequeno herdeiro, como quando ele aplicou a palavra desaumentar, este pai babão não pôde deixar de rir diante da situação, afinal, "escada subinte" é muito mais interessante do que escada rolante. Mas é preciso tomar cuidado, o termo só pode ser usado para subir, para descer, obviamente deve ser "escada descente", o que rendeu o seguinte comentário do pequeno herdeiro: "Ah, pai!".


Em tempo (de novo): A língua portuguesa deveria usar o vocabulário infantil. É mais fácil e faz muito mais sentido.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dois meses depois

Quanta água passou por debaixo da ponte depois de dois meses sem postar nada. Meus seis leitores devem estar furiosos, ou nem sentiram minha falta, já que essas ausências são muito comuns.
Esses dois meses foram realmente torturantes, porque tinha vontade de postar, mas não sobrava coragem de sair da cama para escrever. Síndrome da preguiça total.
Mas agora estou de volta e poderei contar a vocês muita coisa do que se passou nesses dois meses. Fiz 41, o Brasil perdeu a Copa América, a Argentina também, a cúpula do Ministério dos Transportes foi para o espaço, a Amy morreu aos 27.
Sem falar que o Pedro, meu pequeno herdeiro, está cada dia mais peralta e minha cúmplice voltou a trabalhar e faz aniversário no próximo domingo.
Além disso, estou passando uma temporada em Itu, acompanhando a Fazenda. Trabalho, trabalho e trabalho. Aliás, é do quarto do hotel em Itu que nasce esse post.
Vamos ver se teremos mais amanhã.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

As paredes rachadas do metrô

Pedro em um dos muitos auto-retratos
Meu pequeno herdeiro adora andar de metrô! Mas ele não gostas daqueles trechos que passam pela superfície, tem que ser embaixo da terra. A fixação do Pedro por trens já é bastante conhecida, mas o metrô transformou sua vida.
Afinal, apesar de ter nascido em São Paulo, ele foi para Bauru com seis meses e as poucas vezes que vínhamos visitar a família, não precisávamos andar de metrô. Porém, e sempre há um porém, nós voltamos, e Sampa nos recebeu de braços abertos com toda sua poluição, seu trânsito, seus prédios, sua neblina e seu metrô.
Não ter carro em São Paulo pode ser um suplício em alguns momentos, mas, se vamos de metrô, tudo vai bem. O que eu realmente não entendo, já que não dá para ver nada debaixo da terra e o barulho (salvo alguns trens novos) é um saco. Só que nós estamos falando do Pedro, e o Pedro sempre vê alguma coisa, e comenta...
Uma das últimas foi na volta para casa depois de uma agradável tarde no shopping. Sábado à noite, metrô quase vazio e Pedro com a cabeça encostada no vidro olhando.
De repente o comentário: "As paredes do metrô estão rachadas embaixo da terra". Simples, rápido e prático. Leia nas entrelinhas. Após essa sacada incrível de Pedro, o rapaz que estava sentado no banco próximo desatou a rir (ele entendeu). Só não sei se ria do comentário ou de nervoso, por estar em um trem, no subsolo da maior cidade do País, com as paredes rachadas.
Esse rapaz faz o comentário: "Esperto, ele, né?". Minha cúmplice concorda e retruca: "Até demais". E o pequeno herdeiro, alheio às babações adultas, continua com a cabeça encostada no vidro, observando as rachaduras nas paredes do metrô.

Clipes que eu curto

I Was A Teenage Anarchist (Against Me)

Eu realmente não estou a fim de escrever...

Já sei o que alguém vai perguntar por que estou escrevendo se não estou a fim. Se você é um dos que fizeram essa pergunta, parabéns. Se souber a resposta me diga.
Na verdade, quando sentei na frente do computador, pensei no que escreveria para meus seis leitores, afinal, daqui a pouco eles voltam a ser seis mesmo, se eu não atualizar este blog com mais frequência.
De fato, eu realmente não estou a fim de escrever, mas, ainda assim, alguma coisa impele meus dedos para o teclado, de modo que as palavras vão saindo aleatórias, ou seja, este é um daqueles textos completamente sem nexo.Vou entender se vocês desistirem de ir até o fim, até porque, que porcaria de texto vai sair de alguém que não está com vontade de escrever?
O que quero dizer é que às vezes não temos nada a dizer, mesmo com tanta coisa acontecendo à nossa volta. Mas aí lembrei do que a linha fina do meu blog diz "Coisas que são ditas quando não se tem nada a dizer". Ora, qual o momento mais propício para chamar a atenção de vocês senão agora?
Ainda dá tempo de acessar outra página, garanto que nada vai sair de bom aqui... Ainda está aí? Ok, vamos continuar então. Depois não diga que eu não avisei.
Por se tratar de um texto aleatório, acho que posso ousar, colocar frases mais picantes, escrever alguns palavrões, talvez gerar alguma polêmica sobre o metrô de Higienópois. Não, isso é assunto velho.
Já sei, vou falar do Palocci, da Copa, do Fielzão, do documentário do FHC (essa última é pegadinha).
Há tanta coisa acontecendo no mundo e eu sem assunto. Estou ficando alienado? Que tal falar do Neymar? (pegadinha de novo, desculpem).
Perceberam as voltas que dei para não dizer nada? É exatamente isso que acontece na maioria dos telejornais, jornais impressos, revistas, blogs, enfim, nos meios de comunicação como um todo. Somos escravos de meia dúzia de assuntos e quem deveria ser formador de opinião, não passa de mero reprodutor de textos aleatórios.
Reparem como os pseudo humoristas do CQC se esforçam para causar polêmica. Por que? Por que eles não têm nada a dizer! Aí ofendem mulheres, negros, homossexuais, judeus, o povo em geral, para entrarem nos assuntos mais comentados do Twitter. Patético.
E o CQC é só um exemplo, isso acontece de maneira geral (não me processe Marcelo Tas, por favor). Acesse blogs de humoristas, intelectuais, jornalistas e você vai ler um monte de nada. Eles também não estão a fim de escrever, mas se sentem obrigados a isso!
Se você chegou até aqui, parabéns! Conseguiu ler nada, mas se manteve fiel. Gostaria de encerrar com algo apoteótico, mas não estou, realmente, a fim de escrever.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Eu tento fazer poesia...

Vento

O vento sopra entre prédios vazios
Entre ruas concretas
E passagens secretas
O vento sopra entre seres humanos
Causando danos, dores
Enganos
O vento sopra entre os buracos
Nos barracos das favelas
Causando dor, apagando as velas
Pessoas correm mas não chegam
Pássaros não voam
Barcos não partem
Vidas não saem do lugar
Apenas o vento sopra
Por caminhos
Muda destinos
Semeia ilusões
Para sempre, enquanto o sempre durar

Preciso...

Pare para pensar um pouco. Já reparou quantas coisas precisamos fazer? Quantas vezes você não está em casa, sem fazer nada (o que parece meio improvável atualmente) e vem à sua mente que é preciso fazer alguma coisa, por menor que seja.
Nossa vida é um eterno "preciso". "Preciso consertar a maçaneta da porta", "Preciso limpar o quintal", "Preciso arrumar o guarda-roupa", "Preciso ir ao banco", "Preciso ligar para fulano". É sempre assim, precisamos, mas quantas vezes fazemos?
Somos totalmente inertes em alguns aspectos. Adoramos adiar as coisas, até que o tempo de sobra que tínhamos se esvai como fumaça e, aí sim, precisamos fazer tudo correndo. É uma lógica estranha.
Eu mesmo preciso fazer uma série de coisas, mas adio sempre que posso. Honestamente, não é que eu não tenha vontade de fazer, mas alguma coisa me impede. Talvez seja assim com todo mundo, mas o fato é que parecemos políticos, que sempre tem a solução para tudo na base do "precisamos".
Já prestaram atenção quando um candidato a qualquer cargo fala alguma coisa, como ele sai pela tangente?
Repórter: "Candidato, o que fazer para melhorar a educação, a saúde, o transporte?".
Candidato: "Precisamos de políticas públicas que possam trazer melhorias para esses setores, fundamentais para o desenvolvimento sustentável da sociedade como um todo, blá, blá, blá".
Olha o "precisamos" aí!!! Mas e a solução? Esse é o discurso de quem não sabe o que fazer, discurso aliás que ouvimos há 17 anos no governo do Estado, mas deixa pra lá.
Nosso foco é outro. A política foi usada para ilustrar o quanto nós "tucanamos" nossa vida. Todos sabemos que precisamos fazer alguma coisa, seja lavar o tênis ou pintar as portas dos quartos (comprei a tinta há dois meses). Acho que está na hora de mudarmos o verbo. Em vez de "precisamos", que tal "faremos"? Talvez uma atitude mais positivista nos ajude a melhorar um pouco as coisas.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mães

Você tem mãe? Dá valor a ela ou só lembra que ela existe por causa do comercial das Casas Bahia dizendo que a lava-louças é o melhor presente? Você daria uma lava-louças de presente para sua mãe no Dia das Mães? Então me desculpe, mas a não ser que ela tenha pedido isso, você é um tremendo desnaturado, com o perdão da franqueza.
Para começar, o dia das mães, como a maioria das datas comemorativas (se não todas), virou um filão comercial sem precedentes. Até guaraná Dolly virou sinônimo de carinho com as mães. Ah, para. Eu sei que fico parecendo o chato criticando as datas comemorativas, mas pensa bem, volte ao primeiro parágrafo deste texto e me responda a pergunta que está lá.
O dia das mães, meus queridos seis leitores, é todo dia. Não tem data que possa exemplificar o que significa a mãe nas nossas vidas, ainda mais uma data criada por decreto do ditador Getúlio Vargas. Vamos combinar?
Eu confesso que não comprei presente para minha mãe, nem para minha cúmplice. Não sei se vou comprar. Nunca consegui traduzir materialmente o que sinto pelas mães que fazem parte da minha vida. Pode ser que vocês me considerem insensível neste momento, mas não tem nada a ver com sensibilidade, tem a ver com o que sinto, de fato.
Há muita gente que só lembra da mãe quando não encontra a camiseta favorita na gaveta. "Porra, mãe, cadê minha camiseta?". Aí, no dia das mães aparece com uma batedeira de presente, mas se o almoço do dia das mães não fica pronto, é o primeiro a reclamar. Lindo, né?
O dia das mães é no domingo, mas você, ao acordar da cama hoje, deu bom dia para sua mãe? Ou, se não mora com ela, ligou para saber se está tudo bem? Vai deixar tudo para o domingo? Precisamos mesmo de uma data para abraçar e beijar nossas mães?
Se você perdeu sua mãe eu sinto muito, mas quando ela ainda estava com você, qual era sua atitude? Hoje ao acordar você lembrou dela? Conversou com ela? Não é loucura conversar com aqueles que se foram se acreditarmos que eles não nos deixam de fato, estão sempre zelando por nós. Pense em um diálogo de uma mãe com Deus: "Olha aqui, Senhor, eu sei que eu não estou mais lá, mas ai do senhor se não deixar eu cuidar do meu bebê!". É isso que sempre seremos para nossas mães: bebês.
A verdade é que não precisamos esperar o segundo domingo de maio para celebrarmos com nossas mães. A verdade é que o melhor presente que você pode dar a ela não é a lava-louças das Casas Bahia, nem o guarda-roupas da Marabraz, nem o guaraná Dolly.
O melhor presente para sua mãe é você! Quantas vezes você já se deu para sua mãe, sem esperar nada em troca. Quantas vezes você cozinhou para ela, lavou a roupa dela, passou, colocou nas gavetas dela. Quantos abraços você dá em sua mãe durante a semana? Quantas vezes fala bom dia? Quantas vezes você fala com sua mãe?
Me perdoem, meus queridos seis leitores, mas as mães são mães 365 dias por ano, por que temos que ser filhos apenas um dia por ano?

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Ônibus

Se você nunca teve a oportunidade de andar de ônibus em São Paulo, não sabe o que está perdendo. Primeiro, limpe sua cabeça e esqueça o horário de pico, o cheiro de suor, o bafo de cachaça, o som dos idiotas ligado no último volume, invariavelmente tocando funk ou outra merda qualquer. Para andar de ônibus é preciso muita paciência.
Antes que alguém me pergunte, eu não tenho essa paciência toda. Ora, dirão meus seis leitores, então por que você diz que andar de ônibus é bom? Quem disse isso? Apenas falei que quem nunca andou, não sabe o que está perdendo. Simples. Voltando ao assunto, dentro do coletivo você pode ouvir várias histórias, mesmo que não queira.
Acreditem ou não, já ouvi brigas de casais, gente combinando processar o vizinho, reclamando da mãe, do namorado, do marido, da empregada, da escola dos filhos. Pasmem, ouvi muitas dessas conversas com o fone no ouvido, imaginem o quão alto essas pessoas costumam falar. Mas há um lado positivo de andar de ônibus, desde que você tenha a sorte de ir sentado.
Pela janela da condução conseguimos observar coisas que não prestamos atenção quando estamos de carro, dirigindo ou não. A cidade tem coisas bonitas para se ver por trás de toda aquela casca cinza. Basta olhar com outros olhos. Passe por qualquer ponte que corta o rio Tietê à noite e esqueça que ele é sujo. Veja as luzes da marginal e dos carros que passam refletindo nas águas. Sim, dá para ver o reflexo.
Por um momento é possível esquecer que aquele rio cheira mal em dias de calor e transborda quando chove demais. Há construções antigas em Sampa, que valem uma olhada. Eu tenho curiosidade para saber a data em que foram erguidas e as histórias que possuem. De dentro do ônibus consigo imaginar essas histórias.
Ajuda a passar o tempo e esquecer que tem um folgado do meu lado com problemas na virilha, já que está quase fazendo um espacate no banco. Para ser honesto, eu gosto mesmo de andar de ônibus, mas adoraria que as pessoas fossem educadas e respeitassem os outros. Infelizmente a individualidade tornou as viagens mais cansativas.
A falta de respeito de uns com os outros, do poder público - que insiste em deixar o povo esperando horas pela condução -, de motoristas, cobradores, fiscais, passageiros. Tudo isso torna as viagens mais longas e insuportáveis. É possível ver um lado positivo? Até é, como já citei aqui. Mas para isso, é preciso muita imaginação.


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Peripécias de Pedro

Pedro no trem em Bauru
Meus seis leitores (que já são mais que isso, eu sei, mas falar seis leitores dá um charme) já devem estar acostumados com as aventuras do pequeno herdeiro Pedro, que relato aqui de vez em quando. Pois bem, devo dizer aos queridos leitores que Pedro extrapolou os limites deste humilde blog, ou seja, as peripécias de Pedro já não cabem nessas páginas.
Mas, calma, não vou abandonar a cria e deixar vocês sedentos de informações, pelo contrário. Eu e minha cúmplice chegamos à conclusão que esse blog é pequeno demais para Pedro, por isso, em breve, num futuro bem próximo, vamos inaugurar um novo blog, denominado "Peripécias de Pedro".
Sim! Pedro terá um espaço todo seu, até para ele mesmo postar algumas coisinhas. Vamos mostrar seus desenhos, suas frases, contar suas histórias. Não quer dizer que o pequeno herdeiro vai deixar de frequentar este humilde blog. Ele continuará sendo um dos temas principais aqui, mas também terá um espaço só seu. Estamos elaborando o novo blog e, quando estiver o ar, vocês serão os primeiros a saber. Esperamos que gostem!

sábado, 26 de março de 2011

Clipes que eu curto

Yendo a la casa de Damian (El Cuarteto de Nos)

Eu tento fazer poesia...

Adormece em meio ao tumulto que o mundo assiste
Sonha, que a hora não passa, a noite é longa
Sorri no seu sono iluminado
Pelas luzes que passam através da janela
Observo seu corpo pela tênue claridade do quarto
Enquanto o mundo explode em bombas
O que o mundo não sabe
É que as guerras cessariam
O ódio cairia por terra
A dor sumiria
Se ao menos tivessem a chance
De vê-la adormecer

domingo, 13 de março de 2011

Nova ortografia by Pedro

Palavra de hoje: Desaumentar

Significado: Diminuir.

Empregada na frase: "O buraco da minha escola desaumentou".

Nota do blogueiro: Apesar de engraçada, a palavra foi devidamente corrigida quando o pequeno herdeiro a usou. Mas que fique registrado, desaumentar é uma criação única de Pedro. Não aceite imitações.

Em tempo: A língua portuguesa deveria usar o vocabulário infantil. É mais fácil e faz muito mais sentido.

Nas manhãs de domingo

A garoa cai, fina e fria, anunciando que o verão não vai resistir por muito tempo. Há carros parados na avenida, um quebrado. Há pessoas usando o muro do velho clube como banheiro. Há um velho pedindo para as mulheres não olharem para trás, enquanto ele quebra as regras da boa conduta em nome da necessidade fisiológica.
O carro quebrado é empurrado por quatro, uma mulher, senhora, entre eles. O carro pega, volta a morrer. Já pensou em levar na sucata? É o que penso. É o que me dá vontade de gritar. Mas pensamento é diferente do mijo, dá pra segurar. Ok, dá pra segurar o mijo também, mas não tanto quanto o pensamento.
Lotação vazia. Paradoxos da cidade. Pessoas voltando da festa. Lugares em festa ainda. Fome. Terminal cheio. Domingo é dia de descanso. Para quem? Mesmo sendo quase um dia útil, os ônibus quase não circulam no domingo. Café e pão de queijo. Fim da fome.
A garoa para. Vento gelado. Pessoas fumam em local proibido. Imbecis. A fumaça me faz tossir. Na verdade, tusso para o  imbecil saber que ele incomoda. Para que serve a lei e as placas de proibido fumar mesmo? Ah, para os barzinhos de ricos. No terminal, onde só pobres circulam, pode fumar. Fodam-se os pobres. Meu salário não é tão bom quanto o de alguns frequentadores de bares da Vila Olímpia, mas meu pulmão é. Merecia mais respeito.
Ônibus lotado. Pessoas nos bancos reservados. Não adianta. Educação não é o forte das pessoas. Ponto. Mais gente. Farol. Garoa. Ponte. Rio Tietê. Balada no fim. Gente indo pra casa. Gente indo trabalhar. Eu entre eles.
Ônibus para. Pessoas descem. Amanhece aos poucos. Barulho do trem. Barra Funda. Gente chegando de viagem. Gente indo viajar. Três bêbados fazendo algazarra. Três baderneiros se fingindo de bêbados. Um deitado no chão. Frio, mas nem tanto. Camelô montando barraca. Cheiro de café. Cheiro de linguiça frita. Sono.
Trabalho. Crachá. Catraca. Porta automática. Elevador. Computador. Amanhece. Quero ver o domingo passar.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pedro está ansioso

É um postzinho para meus seis leitores matarem a saudade do meu pequeno herdeiro, o Pedro, já que faz tempo que não escrevo sobre ele. Desde o episódio das amoras, que vocês podem ler clicando aqui.
Hoje, ele e minha cúmplice vieram a São Paulo. Na verdade devem estar a caminho nesse momento, já que saíram de Bauru às 18h30.
Pois bem, pela manhã, Pedro acordou cedíssimo, como sempre (se ele soubesse como vai odiar acordar cedo quando for mais velho, continuaria dormindo as horas que pode agora), e comentou com a Layla: abre aspas Estou ansioso porque vou para São Paulo fecha aspas.
A ansiedade está acabando. Em breve estaremos todos em Sampa, aí, ele vai ficar ansioso por outros motivos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

17

Particularmente, eu não gosto de quem tem 17 anos. As pessoas de 17 anos estão propensas a serem mais chatas que as demais. Fato. O problema é que 17 é uma idade de transição entre a aborrecência e a fase adulta, ou seja, quem tem 17 é meio criança, meio boca aberta, porque é isso que os adultos são, na visão de quem tem 17.
Acho o número 17 interessante. É um número primo. Só. Ah, 17 era o número da camisa do Herrera quando jogava no Corinthians (se bem que acho que ele joga com a 17 no Botafogo), mas deixa pra lá. O que mais podemos falar do 17? (pausa dramática para pensar)
Claro, 17 é o número de anos que minha sobrinha Natália faz hoje. Como não podia deixar de ser, para situar meus seis leitores, tinha que pegar no pé dela. Pegar no pé da Natália é um padrão estabelecido por mim e por meu irmão desde 1994, quando ela nasceu.
Natália sabe que não gosto muito da convenção social "parabéns pra você". Acho piegas. Mas acho verdadeiro quando alguém lembra do seu aniversário sem ser avisado pelo Orkut, Facebook ou qualquer outra rede social. Por isso, resolvi escrever. É claro que é uma homenagem tosca, afinal o tio é tosco, mas e daí. Essa, pelo menos, ela pode imprimir e enquadrar.
Pra começar, espero que ela não chore, pois tem sérias tendências a ser emo. Na verdade não tem, mas gostamos de chamá-la de emo, como gostávamos de chamá-la de pastel, só porque ela o-d-e-i-a ser chamada assim. São os sacrifícios de ser sobrinha de quem é.
Voltando ao aniversário, seja você, mas lembre que assumir sua própria identidade não significa esquecer a identidade dos outros. Aos 17 temos essa propensão, vai por mim, eu sei. Ter 17 anos parece que torna tudo mais difícil, mas na verdade somos nós que dificultamos as coisas. Na maioria das vezes elas são mais simples do que aparentam, mas o maldito número primo parece mexer com o cérebro.
Seja sempre alegre, espevitada, falante, cantante, pulante, pulsante. 17 é só um número, mas pode significar muito para o 18. Às vezes as decisões que tomamos aos 17 nos afetam até os 27, talvez até os 37. Vá lá, tem gente que tem 77 e está pagando até hoje uma dívida contraída aos 17. Ufa, quanto número!
Lembre que seus atos têm consequências e cabe a você decidir se essas consequências serão para o bem ou para o mal. É fácil cair em armadilhas aos 17. No mais, seja feliz, aproveite o dia, a semana, o mês, o ano, a vida. Daqui a 17 anos você poderá lembrar de tudo com um sorriso ou com lágrimas, ou com os dois, afinal, lágrimas não são exclusividade da tristeza. Um beijo e um queijo, como diz o pequeno herdeiro, e feliz 17.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Coisas simples que nos fazem felizes

Se resolvêssemos fazer uma pesquisa e perguntássemos para as pessoas o que as faz felizes teríamos respostas variadas. Cada ser humano tem seu modo de ver e entender a vida. Mas será que as respostas seriam honestas? Muita gente liga imediatamente a felicidade com independência financeira e não posso tirar a razão delas, afinal, como ser feliz tendo que se preocupar com a falta de dinheiro, não é verdade? Não, não é verdade.
Que me perdoem os adeptos da máxima que o dinheiro não traz felicidade, manda comprar. Culturalmente somos errados neste aspecto. Conheço muita gente pobre que é muito feliz e não se queixa da sorte, ou da falta dela.
Calma, não estou dizendo para largarmos tudo e vivermos como mendigos. Nada disso. Mas precisamos realmente exaltar o dinheiro como o único fator de felicidade? Não acredito que as pessoas tenham se esquecido dos outros valores.
Ouço muita gente falando que tem saudades do tempo de criança, pois não tinha brinquedos caros, mas tinha brincadeiras divertidas. No entanto essas mesmas pessoas entopem os filhos de videogames e brinquedos eletrônicos e tiram deles a chance de descobrir a vida além dos muros do condomínio.
Falta de segurança? Talvez. Mas temos esse direito? Somos responsáveis por criar uma geração cibernética, filhos virtuais. Que tipo de valores ensinamos para nossas crianças? A felicidade também está em chutar uma bola com seu filho.
Infelizmente o ser humano se mecanizou. Não somos capazes de pequenos gestos altruístas. Sentamos nos lugares reservados a idosos nos ônibus e ainda reclamamos se algum deles reclama por estar em pé. Precisávamos mesmo de lugares marcados? Não seria mais lógico que oferecêssemos o lugar para o velho, a mulher grávida, a mãe com o bebê no colo, de modo natural? A felicidade também está nesses gestos, pequenos mas valorosos.
Abrir a porta para uma senhora, ajudar a atravessar a rua, ceder o lugar, sorrir, dar bom dia, boa tarde, boa noite. Esquecemos o valor das pequenas coisas, esquecemos que o dinheiro pode até comprar coisas, mas não compra o sorriso de uma criança, o obrigado de um idoso, o semblante feliz de uma mulher prestes a dar à luz.
Perdemos o gosto pelo vento batendo no rosto, preferimos o gelo do ar condicionado. Reclamamos do calor e depois do frio, do tempo seco e da chuva. Perdemos totalmente a capacidade de nos concentrarmos em coisas boas e vemos apenas o lado negativo das coisas. Nada está bom!
Com isso morremos aos poucos. Sucumbimos ante nossa própria arrogância e desprezo por aquilo que é belo, ainda que pareça feio. Nos tornamos máquinas e, continuando neste passo, vamos transformar o futuro em algo sombrio. Mas, quem sabe ainda dá tempo de virar o placar?


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sábado, 29 de janeiro de 2011

Eu tento fazer poesia...

Puta

Nas ruas te vejo passar
E lembro que o mundo é meu
Meu ego inflama e aquece
Desfruta de um fruto qualquer
És Maria, Aparecida
Desaparece quando és vida
Passa desapercebida
Nas ruas onde te vejo
Figuras fulguras altiva
Ativa, és Ana, Estér
Tens um nome qualquer
Mas no íntimo és uma só
Não sei seu nome
Sei todos
Não existes, és fantasia
Te chamo de Glória, Patrícia
Escandalizo as carolas
Dançando no meio da rua
Meu medo é não te ver
E curar a bebedeira
Te chamo de deusa, de Neuza
De Luzia ou de Francisca
O mais comum dos teus nomes
Porém, não me deixam dizer
Que nas ruas por onde passo
És chamada de mulher

Eu tento fazer poesia...

É sério, houve um tempo em que achei que podia mesmo fazer um poema concreto. Na minha opinião, o concreto rachou, mas é bonitinha. Vou tentar reproduzi-la da forma como a escrevi no caderno. Me perdoem, afinal, era adolescente, bolas.

a mente em devaneios
em ilusões constantes
                        antes
                        quando tudo era escuro
desperta-me
                   o medo
                   segredo
                   até que a vida não pare
                   a alma
                   estagnada
                                  marcada pela dor
ADIDREP
                   até quando esperar?
                   esperar o quê?
devaneios
anseios-meios-termos
                                 absurdos
                                     surdos
                                     mudos
                                     tudo!                      
                                                                    ME
                                                                    ENCARONO
                                                                    ESPELHO
                                                                    SEMMEVER

No calor as baratas se mostram

Meus seis leitores devem estar perguntando o que quis dizer com o título acima. Nada. Simplesmente estou com essa maldita frase na cabeça desde ontem à noite e achei que deveria aproveitá-la em algo.
Como sempre quis escrever alguma coisa com um título absurdo, resolvi usar a frase como título de um post para ver o que é que dá. Provavelmente este será um dos piores textos de minha carreira como blogueiro, mas aprendi com um compositor, não lembro qual, que temos de aproveitar todas as ideias, mesmo que elas sejam descartadas depois.
Por causa disso - e talvez porque eu tenha algum tipo de TOC - eu precisava escrever algo com o título "No calor as baratas se mostram". É algo semelhante a ter uma música na cabeça. Se você lutar para esquecê-la, com certeza ela vai continuar martelando no seu cérebro, mas se você cantar ela some. Comigo é assim pelo menos.
Com textos funcionam da mesma forma. Pena que, sempre que penso no título não penso no enredo e vice-versa. De qualquer forma, vou concluir esse post.
E só para não dizer que não falei das baratas, elas realmente se mostram no calor. São um saco, as mulheres morrem de medo, mas dizem que têm nojo e, fato comprovado, as voadoras são as piores. Aliás, o que Deus tinha na cabeça quando criou as baratas voadoras?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A vida é mais dura só depois do carnaval?

Quando assisto o noticiário na tevê, leio os jornais, acesso a internet, fico  com uma estranha sensação de deja vu. Sabe quando você passa por um lugar em que nunca esteve e sente que o conhece de alguma forma, pois é. Mas, infelizmente não é apenas deja vu, é um filme repetido mesmo, desde que me conheço por gente.
Não é de hoje que as águas de janeiro castigam as grandes cidades - e as pequenas e médias também. Não é de hoje que o poder público entra em cena no começo de cada ano para dar suas justificativas furadas. Não é de hoje que os morros desbarrancam, as casas são arrasadas, as pessoas perdem bens materiais e, em muitos e assustadores casos, perdem a vida. Porém, não é de hoje que nada disso parece afetar a "festa popular" do carnaval.
Antes que me cornetem, entendo a necessidade de se divertir, entendo a alegria e a ansiedade com que as pessoas que gostam de carnaval aguardam essa festa. Entendo também o trabalho do ano todo feito pelas escolas de samba. Mas entender não significa aceitar.
E não é só o carnaval. As pessoas estão morrendo no Rio de Janeiro e a preocupação de alguns jornalistas, comentaristas e "autoridades" é se isso vai afetar a organização da copa do mundo e das olimpíadas. O que é isso? Há morte ali! Há dor! O que me importa se a copa ou os jogos olímpicos vão ou não se realizar? O que me importa se não houver carnaval? Não me importa!
O que preciso saber é até quando - e essa é uma pergunta que faço há muitos anos - os governos e os governados vão fingir que nada acontece ou inventar soluções paliativas para os problemas? Até quando as pessoas vão construir suas casas em áreas onde deveria haver terra e mato, não concreto? Até quando ficaremos reféns das chuvas e seremos pegos de surpresa, mesmo sabendo que isso acontece todos os anos? Até quando exaltaremos a solidariedade depois da tragédia, mesmo sabendo que a tragédia não deveria ter ocorrido? Até quando perguntaremos até quando?
Fica fácil apelar para Deus, São Pedro, Santo Expedito, anjos da guarda, Orixás ou qualquer outra força divina que se acredite. Fica fácil culpar a natureza. Fica fácil culpar o governo, quando para não pagar aluguel fazemos casas no morro ou nas margens de represas. Difícil é encontrar soluções, é sentar, pensar, fazer um brainstorm, ver o que já foi feito em outros países. Difícil é realizar! É irônico termos dinheiro para o carnaval, a copa e a olimpíada e não termos para resolver um problema que já é velho conhecido, que já entra sem pedir licença.
Nada disso é importante, porém. Logo chega o carnaval e esquecemos de tudo. Depois nós lembramos de novo.