sábado, 24 de novembro de 2012

Pedro define o que é ser "de esquerda"

Faz tempo que não comento as peripécias do meu pequeno herdeiro neste espaço. Bom, faz tempo que não comento nada aqui, mas deixa pra lá.
Outro dia eu e minha cúmplice conversávamos enquanto víamos um programa esportivo na TV. Quando o diretor de futebol do Corinthians, Duílio Monteiro Alves, apareceu, comentei que ele era filho do Adilson Monteiro Alves, sociólogo que ocupou o cargo de diretor no Timão durante a Democracia Corinthiana.
Não percebemos que o Pedro estava ouvindo, ele parecia absorto ao desenho que pintava. Porém, ao comentar que Adilson Monteiro Alves era "de esquerda", o pequeno herdeiro saiu com essa.
— Era de esquerda porque só jogava pelo lado esquerdo, né pai?
...
...
Quem dera a definição de esquerda e direita fosse uma mera escolha de lado do campo. Será que Adilson Monteiro Alves é canhoto?

sábado, 29 de setembro de 2012

O dia, a semana, o mês

Me apropriei da música do Ira! para este post, porque acho que tem muito a ver com ele ou, simplesmente, com minha necessidade de escrever algo, antes que meus seis leitores me abandonem de vez.
Na verdade a primeira estrofe da canção irada já diz muito sobre mim: "O que me prende às pessoas é a procura de um espelho que reflita uma imagem pelo menos semelhante".
Acredito que todos busquemos imagens semelhantes naqueles com quem convivemos, mas, na maioria dos casos, encontramos apenas traços de similaridade e, nem sempre esses traços são suficientes para tornar as pessoas mais atraentes.
Dizem por aí que os opostos se atraem, no entanto, ninguém consegue conviver muito tempo com pessoas diferentes em tudo. Que contribuição alguém que discorda de você em tudo pode lhe dar? Aí, os "sabe-tudo" de plantão dirão que você pode aprender muito com alguém que não tem as mesmas ideias que você.
Neste ponto eles podem ter razão, mas não é este ponto que estamos discutindo. Discutimos a necessidade de viver entre os nossos, de completarmos pensamentos, não de sermos antagonistas.
A oposição de ideias é uma das coisas mais fabulosas que existem, porém, ninguém vive 24 horas por dia, sete dias na semana, quatro semanas por mês, pensando em como combater a quem não pensa igual. É desgaste desnecessário.
Em algum momento das nossas preciosas horas é preciso estar entre os seus, na sua zona de conforto, com aqueles que podem discordar de você, mas que vão ajudá-lo a completar sua ideia, vão contribuir para que seu pensamento seja inteiro e não apenas um fragmento.
Claro que muita gente vai dizer "o que seria do azul se todos gostassem do amarelo". Ao que eu respondo: calem-se! Não estou falando do gosto pessoal. Tenho amigos que gostam de pagode e sertanejo e nem por isso deixam de ser meus amigos. Por quê? Porque temos esse fragmento de similaridade em alguma coisa, ou seríamos adversários.
Nem sempre gosto de estar com outras pessoas. Gosto de me esconder no meu canto e fazer as coisas que gosto, ler meus livros, ouvir meus discos. Tenho amigos com quem não falo há tempos, mas sei que se eu telefonar será como se tivéssemos nos visto ontem.
É assim que tem que ser. Este é o espelho, aliás, mais do que um espelho,é um retrato pintado à mão, aquele que parece com você, mas não é totalmente igual. E assim vamos vivendo.

sábado, 25 de agosto de 2012

Pessoas são estranhas...

Jim Morrison dizia que "Pessoas são estranhas quando você é um estranho". Será? Sempre olhei para as pessoas com desconfiança fora do comum. Nunca acreditei na idoneidade delas. O tempo me ensinou a ser mais complacente e a perceber que, talvez, eu fosse mais estranho a elas do que elas a mim.
Porém, de poucos tempos para cá, tive uma recaída em relação às pessoas em geral. Já conheci muita gente, cada uma delas com sua peculiaridade.
Conheci gente feliz de fato, tão feliz que chegava a irritar. Conheci polianas que conseguiam ver o lado bom de tudo, por outro lado estive com gente que parecia a hiena Hardy, só faltava dizer "Oh, dia! Oh, azar!". Conheci pessoas tristes por natureza e aquelas que se faziam de triste porque ser sombrio já foi moda, mesmo com aqueles malditos sobretudos não combinando em hipótese alguma com o clima deste país.
Para não me estender demais, conheci uma gama de pessoas e cada uma delas me fascinava e me deixava assustado da mesma forma. Sempre quis saber se elas sentiam o mesmo em relação a mim.
As pessoas são estranhas de fato, mas somos estranhos para elas também. Neste quesito acho que eu e Jim Morrison concordamos afinal.
No entanto, antigamente tudo tinha um toque mais íntimo. Éramos estranhos, mas solidários em nossa estranheza. Atualmente as pessoas são egoístas até no jeito estranho de ser. Ser diferente é ser normal, dizem por aí, mas pagamos o preço por todos serem diferentes da mesma forma. Hoje as pessoas são estranhas, por serem estranhamente semelhantes. E mesmo assim se sentem mais do que as outras, um erro comum já que personalidades iguais tendem a se afastar.
Chegamos em um patamar que nossa individualidade soa como ofensa para a maioria das pessoas. Isso é estranho. Parece que em algum momento decidiram que temos de compartilhar nossas vidas, medos, angústias, tristezas e alegrias com qualquer pessoa que tenha acesso à internet. Isso é estranho. O ombro amigo, de verdade, está morto.
As pessoas continuam estranhas para mim e devo parecer estranho a elas também. Consigo me adaptar à nova ordem mundial, mas não significa que devo aceitá-la como verdade absoluta. Quero questionar reclamar e tentar consertar o que julgo errado, até que me provem o contrário. Se isso soa estranho para você, parabéns. É sinal que ainda existe uma salvação. E isso também é estranho.

domingo, 22 de julho de 2012

O Pedro, a patinação no gelo e um pai medroso

Quem tem filhos sabe a emoção que é quando as coisas começam a acontecer. A primeira risada, a primeira palavra, a primeira tentativa de engatinhar, o primeiro passo, tudo isso vem recheado de uma emoção única. Mas os filhos crescem e as emoções só aumentam, como pude constatar nesta semana.
Fui com minha cúmplice, a Layla, e meu pequeno e já famoso herdeiro Pedro ao Shopping Parque Santana para assistir o Espetacular Homem-Aranha. Até aí, nada demais, ir ao cinema com a família é corriqueiro.
Acontece que no referido shopping havia uma pista de patinação no gelo, que deixou o Pedro alucinado. Ele queria porque queria patinar. O detalhe é que ele nunca havia patinado e quando argumentamos que nenhum de nós entraria na pista, porque também não patinamos, ele ficou irredutível: iria sozinho.
E foi, para desespero do pai medroso, que achou que o magrelinho não ia sair do chão. Bom, paga a quantia exorbitante por meia hora de tombos no gelo e colocado o equipamento, lá se foi o Pedro rumo ao rink. Não sem uma ajuda de um dos monitores, porque com toda aquela tralha, ele mal conseguia andar para chegar até a pista, mas foi.
Para minha surpresa, o pequeno herdeiro se saiu melhor do que eu poderia imaginar e fez bonito para quem nunca tinha colocado um par de patins na vida.
Meus seis leitores devem estar rindo da minha cara por temer uma bobagem dessas, mas coloquem-se no lugar desse pai aflito.
Sei que fiz um papel de bobo, até porque as crianças sabem se virar bem melhor do que os adultos em muitas situações, isso se não for em todas.
E assim foi a saga de Pedro: começou segurando na grade de segurança e, quando menos esperava, estava no meio da pista deslizando, como se não tivesse feito outra coisa na vida. Caiu, levantou e seguiu em frente, como deve ser a vida.
Para nós, nossos pequenos herdeiros serão sempre bebês, mas eles sempre ganham asas e provam que estão mais preparados do que nós. Nosso papel nisso tudo? Não impedir que eles voem, mas indicar a melhor rota.
Pedro em sua primeira experiência como patinador: deixou o pai babando

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Eu não gosto de cachorro e não tenho problemas com isso

Antes que me xinguem por causa do título, quero dizer que nem sempre foi assim, um dia eu gostei de cachorro, apesar do medo que sentia, tive um vira-latas  preto e amarelo a quem chamei de Tuti, porque eu adorava chiclete de tuti-fruti. Mas na época a casa era meio aberta e ele não ficava preso. A carrocinha levou, assim como a muitos outros cães da rua onde morava.
O fato é que eu não gosto de cachorro. Simples assim, não curto. Acho até bonitinho quem cuida e dá carinho e tudo mais, mas não é pra mim. Para falar a verdade, cachorros me irritam um pouco e seus donos me irritam ainda mais.
Sei que deve ter um monte de gente me xingando e desejando que eu seja castrado neste momento, mas a verdade precisa ser dita: amantes dos animais, existe sim gente que não gosta de cachorro e não maltrata os bichos.
Eu não gosto de cachorro, mas não maltrato e detesto quem maltrata. Mas não quer dizer que eu seja apaixonado por tudo que esses donos de cachorros babões (os donos, não os cachorros) fazem com seus bichos.
Eu detesto sair de casa de manhã para o trabalho e topar com um cocô de cachorro do tamanho do mundo na minha calçada. Por que o dono que ama tanto seu bicho e apregoa isso na internet para todo mundo ver não limpa a sujeira que o seu animal (o cachorro, não o dono) faz?
Outra coisa que eu não suporto é cachorro no shopping. Esses dias esperava minha cúmplice sair do trabalho na Livraria Cultura do Bourbon Shopping, quando entra um sujeito com um labrador. Não, ele não era cego e não era um cão guia.
Para mim, cachorro em shopping é o fim da picada. Dentro da livraria então, é pra morrer. Alguém precisa explicar para o dono do cachorro, que lugar de passear com o bicho é no parque, não no shopping. Cachorro em shopping para mim é como se alguém acendesse um cigarro, dá na mesma.
Por mais que vocês tratem os cachorros melhor do que tratam seus filhos, eles não são seus "bebês", são bichos e bichos não passeiam no shopping.
Querem dar diversão para o cachorro, levem-no em uma pet shop. Tem um pet center enorme ali na avenida General Olímpio da Silveira, na Santa Cecília. Só não sei se eles permitem a entrada de animais, acho que não...
Ah, e só um toque: se você tem tendências tratar melhor seu bicho do que seus filhos ou qualquer outra criança, lembre-se que essa criança pode se tornar um adulto que maltrata animais. Tem gente que gasta mais co cachorro em um dia do que o que eu gastava com o Pedro bebê em um mês. Lamentável.
Eu não gosto de cachorro, mas tem dono que merecia umas chineladas...

Pedro dançou o carimbó

Um ano após fazer meu pequeno herdeiro dançar Luan Santana (argh), a escola resolveu fazer as coisas direito e colocou a garotada para dançar o carimbó. Olha se o garoto não leva jeito.


segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eu não tenho certeza, mas eu acho...

Quantas vezes você acreditou na verdade absoluta de algumas coisas? Vou ser sincero, eu acreditei em várias. Acreditei que manga com leite fazia mal, por exemplo, afinal quem duvidaria da palavra da mãe, da avó e de outras tantas pessoas que juraram de pés juntos que fazia um mal mortal comer manga e tomar leite?
Mas isso foi há muito tempo e essa verdade caiu por terra. Outras verdades vieram com o passar dos anos e crer que elas eram para sempre era quase obrigatório. Quem é você para duvidar?
Lembra das aulas de história, da tal propaganda nazista? Contar uma mentira à exaustão até que ela pareça verdade. Foi assim que eles fizeram e, pasmem, muita gente absorveu essa tática e a utiliza até hoje. A Veja que o diga...
Mas a ideia aqui é refletir sobre como sempre tivemos certeza de muitas coisas e, na maioria das vezes, nossas certezas caiam por terra. E isso é bem maior do que pensar que manga com leite faz mal.
Trata-se de uma cegueira que insiste em nos acompanhar enquanto vivemos. Cremos em um milhão de coisas diferentes, para depois descobrirmos que elas eram falsas, isso quando conseguimos abrir os olhos a tempo suficiente de reparar nos erros cometidos. É difícil ter certeza.
Não estou dizendo que perdi a crença em tudo, mas desconfio mais hoje do que desconfiava antes. Minhas verdades não são mais âncoras com as quais atraco meu barco em algum porto desconhecido. Eu tinha muitas certezas antes, sabia o que era verdade, hoje eu só acho que sei.

domingo, 18 de março de 2012

A banalização da banalidade

Decidi que ia escrever sobre banalidades, mas no meio do caminho entre ligar o computador e começar a escrever, veio à minha cabeça que não sei mais o que é banal e o que é importante.
Sendo justo comigo mesmo e pedindo perdão aos meus seis leitores pelo tema tão banal, resolvi pesquisar no dicionário para saber qual a definição que nosso querido Aurélio dá para "banal". Entre as definições encontrei fútil e frívolo.
Antes que me crucifiquem sobre isso, em minha defesa devo dizer que sempre soube o que é banal, mas precisava confirmar as palavras exatas para não usar metáforas do tipo banal = Michel Teló.
Mas voltando ao assunto, vamos aos fatos. Li uma notícia que me chocou e não foi sobre maus tratos a algum cachorro (parece que atualmente as pessoas só se chocam com isso, fodam-se os humanos, né?).
Bom, li uma notícia sobre uma menina de 13 anos que conheceu um garoto na internet e foi estuprada por ele e por outros quatro ou cinco. O detalhe é que, na primeira vez que eles se encontraram, ele já havia obrigado a garota a fazer sexo oral com ele e outros dois. Uma semana depois ela foi violentada.
Os garotos que cometeram a barbaridade tinham entre 12 e 14 anos. Vão me perguntar por que considero isso banal. Não deveria ser. Tornou-se.
Banalizamos a violência de tal forma que está mais fácil para as pessoas se indignarem com um cachorro abandonado do que com uma criança sofrendo abusos.
Chegamos a um nível de ridículo tão grande que exportamos "ai, se eu te pego" em esperanto e fechamos os olhos para uma menina de 13 anos estuprada por garotos de 12 a 14 anos. Gente que deveria estar brincando, andando de bicicleta, se divertindo.
Essas crianças andam por aí com seus celulares gritando funks com letras de conteúdo sexual do mais baixo e coisas como Michel Teló, como se não fosse nada demais. É sim.
O que vocês acham que o garoto que conheceu essa menina pela internet pensou na hora em que marcou o encontro com ela? Ora, foi algo do tipo "delícia, assim você me mata, ai se eu te pego". Isso mesmo!
É banal? É. Mas perigosa. Em um país onde a educação está sempre em segundo ou terceiro plano, as mentes adolescentes absorvem lixo enquanto deveriam absorver conhecimento.
Infelizmente isso vai continuar a acontecer. Crianças com a sexualidade aflorada muito cedo e, pior de tudo, incentivada muito cedo.
Não adianta deixar o morro vir abaixo para depois fazer muros de contenção. O lixo já está aí há muito tempo e parecemos os três macaquinhos: não falo, não vejo, não escuto.
Quantas meninas de 13 anos terão de ser violentadas para começarmos a falar, ver e ouvir?

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Extra! Extra! Pernilongo dado como morto é visto correndo em tapete!

Algumas coisas não têm explicação. Uma delas é o diálogo surreal que presenciei na noite do último sábado (18).
Vamos por partes. Minha ilustre sobrinha Natália (que meus seis leitores já devem conhecer de alguns posts aqui em meu humilde blog) ficou alguns dias se deliciando na terra do Tio Sam, mais especificamente na Disney (que era um alvo do Bin Laden, mas os terroristas não chegaram lá).
Mas, vamos aos fatos. Natália completou 18 anos na quinta-feira (16) e, como estava nos "Estates", só foi contemplada com bolinho floresta negra da vovó (minha mãe) no sábado, um dia após ser deportada dos EUA.
A ilustre sobrinha foi para casa da avó (onde também me escondo da chuva) na companhia de três amigos, Renan, vulgarmente conhecido como "Ic" (isso mesmo, igual soluço, ou Iqui, ou seria Iky? Sei lá); Bianca, cujo sobrenome é Duran, por isso a chamam de Du; e Caio, que lembra o James Franco (com a fantasia do Duende Macabro).
Esses quatro mancebos adolescentes estavam na sala conversando até que, por algum surto que para mim é inexplicável, a Du (ou Bianca, se preferirem) tirou a sapatilha e desenvolveu com a dita cuja uma parábola no ar. Após esse ato, ela exclamou triunfante: "Olha, matei o pernilongo!".
Tudo ficaria por isso mesmo, se o rapaz com codinome soluço não replicasse a afirmação bombástica da Bianca (ou Du. Pô, por que alguém tem o sobrenome como apelido?). "Não matou, olha ele correndo ali!".
Espera! Hein? O Pernilongo saiu correndo? WTF!!!
Não tenho como explicar o que esse garoto viu de fato, mas pode ter sido uma formiga e ele imaginou ser o finado pernilongo. Ou, então, são as dorgas mesmo...

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O pote de sorvete no fim do arco-íris

Que o Pedro - meu pequeno herdeiro - é de uma esperteza sem fim, todos os meus seis leitores sabem, mas ele costuma surpreender esse pai babão que vos escreve.
Reza a lenda (não sei de qual país) que há um pote de ouro no fim do arco-íris. É claro que determinar o fim e o começo do arco-íris não é uma tarefa das mais fáceis, mas tem gente que acredita que há um leprechaum  guardando um pote cheio de grana em uma das pontas do referido arco.
Um dia desses, em que a chuva castigou Sampa com toda sua intensidade, um arco-íris surgiu no céu enquanto eu e Pedro estávamos na lotação, a caminho do shopping.
Comentei com o pequeno herdeiro que poderia ter um pote de ouro no fim do arco-íris e perguntei se ele não queria procurar.
Esperto, o magrelinho me soltou mais uma de suas pérolas.
- Ouro não, pai. O que tem no fim do arco-íris é um pote de sorvete.
Bom, é uma possibilidade. Afinal, ouro é muito subjetivo. E se a lenda fala de um tesouro e não de ouro, especificamente? Qual é um dos maiores tesouros de um menino de seis anos? Um pote de sorvete, claro.
O pequeno herdeiro ainda comentou que poderia ser um pote de brinquedos, ou qualquer outra coisa importante, mas fechamos no pote de sorvete.
Seria uma boa achar um, apesar do pai ainda preferir o ouro...


terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Um dia de cada vez

Oi pai. Espero que onde estiver, esteja bem. No fundo sei que está.
Quero dizer que foi difícil, que está sendo difícil superar. Você foi de uma hora para outra e a dor que sentimos ainda está estampada em nossos rostos, apesar de tentarmos seguir em frente.
Vamos apaziguando a dor em doses homeopáticas e sabemos que vai demorar para passar, até porque, nas pequenas coisas do dia a dia há muitas lembranças suas. A saudade está demais.
Sei que é egoísmo, mas nós somos assim. É a essência do ser humano pensar mais em si do que nos outros, mas, no fundo, sabemos que aquela dor que você sentia se foi. 
Às vezes penso que deixei de dizer muita coisa para você, no entanto sei que, de alguma forma, não era preciso falar. As pessoas me perguntam como estou e, realmente, estou bem. Mas há aqueles momentos em que olho para o lugar que você sentava no sofá e percebo que não está tudo bem de fato.
A passagem de ano foi triste sem sua presença. Você ia gostar dos fogos. Acho que foi a primeira vez que vi a queima de fogos por aqui e, de alguma forma, eles se saíram bem. Sem querer ser presunçoso, parecia em sua homenagem.
Nossos dias vão passando e nossa rotina vai voltando aos poucos. Sofremos muito com sua partida e os natais nunca mais serão os mesmos, porém, a vida segue e você não ia querer que parássemos, afinal, você nunca parou.
Só posso dizer obrigado, mais uma vez, por ter sido pai e avô maravilhoso, por ter me ensinado a viver e me mostrado o caminho. Te amo e te amarei pelo resto dos meus dias. Até mais, velho. Descanse.