domingo, 18 de março de 2012

A banalização da banalidade

Decidi que ia escrever sobre banalidades, mas no meio do caminho entre ligar o computador e começar a escrever, veio à minha cabeça que não sei mais o que é banal e o que é importante.
Sendo justo comigo mesmo e pedindo perdão aos meus seis leitores pelo tema tão banal, resolvi pesquisar no dicionário para saber qual a definição que nosso querido Aurélio dá para "banal". Entre as definições encontrei fútil e frívolo.
Antes que me crucifiquem sobre isso, em minha defesa devo dizer que sempre soube o que é banal, mas precisava confirmar as palavras exatas para não usar metáforas do tipo banal = Michel Teló.
Mas voltando ao assunto, vamos aos fatos. Li uma notícia que me chocou e não foi sobre maus tratos a algum cachorro (parece que atualmente as pessoas só se chocam com isso, fodam-se os humanos, né?).
Bom, li uma notícia sobre uma menina de 13 anos que conheceu um garoto na internet e foi estuprada por ele e por outros quatro ou cinco. O detalhe é que, na primeira vez que eles se encontraram, ele já havia obrigado a garota a fazer sexo oral com ele e outros dois. Uma semana depois ela foi violentada.
Os garotos que cometeram a barbaridade tinham entre 12 e 14 anos. Vão me perguntar por que considero isso banal. Não deveria ser. Tornou-se.
Banalizamos a violência de tal forma que está mais fácil para as pessoas se indignarem com um cachorro abandonado do que com uma criança sofrendo abusos.
Chegamos a um nível de ridículo tão grande que exportamos "ai, se eu te pego" em esperanto e fechamos os olhos para uma menina de 13 anos estuprada por garotos de 12 a 14 anos. Gente que deveria estar brincando, andando de bicicleta, se divertindo.
Essas crianças andam por aí com seus celulares gritando funks com letras de conteúdo sexual do mais baixo e coisas como Michel Teló, como se não fosse nada demais. É sim.
O que vocês acham que o garoto que conheceu essa menina pela internet pensou na hora em que marcou o encontro com ela? Ora, foi algo do tipo "delícia, assim você me mata, ai se eu te pego". Isso mesmo!
É banal? É. Mas perigosa. Em um país onde a educação está sempre em segundo ou terceiro plano, as mentes adolescentes absorvem lixo enquanto deveriam absorver conhecimento.
Infelizmente isso vai continuar a acontecer. Crianças com a sexualidade aflorada muito cedo e, pior de tudo, incentivada muito cedo.
Não adianta deixar o morro vir abaixo para depois fazer muros de contenção. O lixo já está aí há muito tempo e parecemos os três macaquinhos: não falo, não vejo, não escuto.
Quantas meninas de 13 anos terão de ser violentadas para começarmos a falar, ver e ouvir?