quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Eu tento fazer poesia...


Insônia


Acordo enquanto o mundo dorme
Sonho de olhos abertos
Passeio pelos canais da TV
Sem esperança de ver nada bom
Vejo pastores e putas dividindo os canais
Divertindo as massas
Que, como eu, acordam enquanto o mundo dorme

Abro a janela
Busco respostas para a insônia no ar abafado
Ela me domina como o domador ao leão

Sonho acordado
Com um mundo que acorde enquanto durmo
Divido minhas noites
Com filmes antigos e programas
Feitos para imbecis

Olho para o copo vazio e acordo
Enquanto o mundo dorme.

Saudades da galera


Estava remexendo algumas pastas, procurando alguns documentos e me deparei com a foto ab
aixo. Foi o último churrasco da minha turma de jornalismo da Unesp e também o derradeiro amigo secreto de R$ 1,99, realizado do primeiro ao último ano da facul. Ainda tenho contato com algumas pessoas, outras desapareceram do mapa e uma, em especial, deixou muita saudade. O Paulinho, nosso amigo e baladeiro-mor da galera não está mais entre nós, tendo partido de forma trágica. Mas lembramos dele e das coisas boas que ele nos transmitia.
Nossa turma tinha suas diferenças e isso era visível, mas nunca vi pessoal mais unido. As panelinhas eram inevitáveis, afinal, todo mundo procura pessoas com afinidade, mas não quer dizer que vivíamos em separado. Foram quatro anos muito legais, que renderam boas risadas, boas amizades e a certeza de que sempre teremos alguém em algum canto de São Paulo, do Brasil ou do mundo. O STF pode até dizer que nosso diploma não vale nada, mas ele não vai conseguir tirar a amizade que ficou dos tempos de faculdade. Isso é irrevogável. Como dizíamos em nossos eternos brindes no Ubaiano: "Horse, horse, horse. Ziriguidum!". Quem é da turma sabe. Kaspar vive!


Da esquerda para a direita. Em pé: Rosi, Erica Okada (escondidinha atrás), Lilian, Paulinho, Gabi, Juliana, Jean, Raquel, Elaine, Marcele, Thiago Roque, Adriano, Igor, Sandro, Eu, uma das filhas da professora Dalva, André "Jesus", Miguel. Agachados: Albano, Edneia, professor Angelo, Fábio Anadão, Diney, Fábio "Ambulância" (era veterano, mas vivia entre nós), Alexandre "Popov", Cris Módolo, professora Dalva e outra de suas filhas.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O cinismo da APJ e a falsa defesa da liberdade de expressão


Chamou a atenção uma nota assinada pela Associação Paulista de Jornais (APJ) contestando a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que visa restabelecer a obrigatoriedade do diploma para exercício da função de jornalista. Infelizmente, como sempre é no caso da referida entidade, chamou a atenção de forma negativa.
Não vou entrar no mérito da legalidade da PEC, nem dos motivos que levaram deputados e senadores a formularem duas propostas nesse sentido. O que discuto aqui é o cinismo dessa entidade, formada por donos de jornais e seus papagaios de pirata, gentilmente chamados de diretores, editores e gerentes.
A primeira mostra de cinismo está no fato de a APJ se colocar contra o regime militar,m quando todos sabem que a maior parte dos proprietários de jornais sempre beijou a mão dos generais. Em Bauru é notório que Alcides Franciscato, proprietário do Jornal da Cidade, foi deputado e prefeito sob as asas dos militares, já que integrava a Arena, partido que dava sustentação aos golpistas de 1964. A APJ é presidida por Renato Zaiden, diretor do JC e “amigo” de Franciscato.
Ora, só este exemplo já derruba por terra a tentativa da APJ em ser defensora das liberdades, quaisquer que sejam. Mas a entidade insiste em dizer que a não exigência do diploma garante liberdade de expressão. A quem? Desafio qualquer dono, diretor, editor, gerente, ou seja lá o cargo que ocupe essa gente, a me mostrar que seus jornais dão plena liberdade editorial aos jornalistas. Se não, onde está propagada liberdade de expressão?
O grande público pode até não saber, mas nenhum veículo de comunicação dá liberdade aos seus repórteres e jornalistas. Tudo se resume à linha editorial definida pelos patrões. À exceção de artigos de opinião, cuidadosamente seguidos pela velha frase: “o texto publicado é de inteira responsabilidade do autor e não traduz o pensamento do jornal”, o resto é devidamente controlado. Falar em liberdade de expressão em jornais que praticam escandolosamente o assédio moral contra seus funcionários é, no mínimo, vergonhoso. Cai por terra mais uma falácia da APJ.
A entidade cita ainda “as democracias mais avançadas do mundo, onde o exercício da profissão de jornalista dispensa o diploma e os cursos de jornalismo exibem cada vez mais vigor e qualidade incontestáveis”. Chega a ser cômico a APJ citar esse trecho, que derruba todo seu texto. Claro que as democracias mais avançadas não exigem diploma, mas nem por isso quem quer trabalhar em jornal deixa de fazer o curso de jornalismo que, como a APJ diz, “exibe vigor e qualidade incontestável”.
Chega a ser ridícula a posição patronal neste caso, ainda mais sabendo que muitos diretores e donos têm participação direta em faculdades de jornalismo caça-níqueis. Onde está a coerência, Renato Zaiden e Fernando Salerno?
A APJ também “esqueceu” que nas democracias mais avançadas do mundo existem comissões de ética e conselhos de jornalismo que impedem as mazelas de maus profissionais e controlam a ânsia desenfreada de editores. Nas democracias mais avançadas do mundo senhores Zaiden e Salerno, existe liberdade de expressão de fato, não a balela que os senhores publicam em seus jornais todos os dias. No entanto, há responsabilidades, algo que no Brasil não existe, porque donos de veículos de comunicação rechaçam a idéia.
Por fim, se formos derrubar todos os resquícios do autoritarismo, desculpa usada para por fim à obrigatoriedade do diploma, vamos ter que derrubar centenas, senão milhares de leis ainda vigentes. A APJ diz que “a sociedade tem o direito de ser informada sem qualquer espécie de tutela”. Então, desafio os senhores Zaiden e Salerno a tirarem suas garras do conteúdo editorial dos seus jornais e conclamarem os seus amigos de APJ a fazerem o mesmo. Deixem os repórteres sem amarras, publiquem matérias negativas de seus anunciantes, parem de censurar as colunas dos leitores. Isso sim é liberdade de expressão!
A qualidade de seus jornais está semelhante a um panfleto mal redigido. Já li blogues mais estruturados e com mais conteúdo do que as publicações da APJ. Mas a qualidade não é ruim por causa dos jornalistas e, sim, pelo cabresto colocado nos profissionais, que NÃO TÊM LIBERDADE para escrever. Se a APJ respeita mesmo o que escreveu, de acabar com resquícios do autoritarismo, deveria encerrar suas atividades agora, pelo bem do jornalismo e da verdadeira liberdade de expressão.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Bauru-Sorocaba-São Roque-Ibiúna e volta...


Sabe aqueles dias que você pensa "por que fui sair da cama hoje?". Pois é, me senti meio assim na sexta-feira passada, dia 16 de outubro, metade de minhas sagradas férias. Tudo começou quando minha sogra resolveu voltar do Japão e se instalar em uma chácara em Ibiúna com o singelo objetivo de criar (ou será produzir) shitake. Passados os trâmites legais, a mudança e afins, eis que ela está lá e nos convida para passar o final de semana. A Layla, minha cúmplice na alegria e na tristeza, pegou folga no trabalho e lá fomos nós...

Sexta-feira, 16 de outubro de 2009, 8h15. Finalmente o ônibus com destino a Sorocaba sai, com atraso singelo de 15 minutos. Isso já afetaria o resultado final da viagem. A previsão de chegada em Sorocaba era 12h35, mas após passar por Agudos, Lençóis Paulista, São Manuel, Botucatu e Boituva, conseguimos chegar por volta das 13h20.

De Sorocaba fomos pra São Roque onde o padastro da Layla iria nos buscar. Acontece que o próximo ônibus só saiu depois das 14h. Atrasou um pouco, pegou uma Raposo Tavares cheia de caminhões e o velho (velho mesmo) Cometa parou em praticamente todos os pontos. Resumindo, chegamos perto das 15h30 em São Roque e, com o velho Uno do sogro postiço, nos deslocamos para o meio do nada em Ibiúna.

Frio, chuva, sem TV, sem internet, sem sinal no celular, com dois cachorros lambões pulando em cima da gente toda hora, lá estávamos nós. O lugar é bacana e foi agradável passar o fim de semana na autêntica vida do campo, mas o tempo só resolveu abrir no domingo, na hora de voltar.

O pior foi esquecer do horário de verão e ser lembrado pela atendente do guichê da Cometa em São Roque:

- O ônibus de 13h06 já foi, agora só 14h36.

- Como assim já foi, são cinco pra uma agora!

- Não, senhor, e o horário de verão?

- Você tá brincando comigo!

- Não, também esqueci e cheguei atrasada.

Grande consolo. Perdemos o ônibus e tivemos que ir para Sorocaba de Uno, com o risco da polícia resolver parar. Mas foi tudo bem. A volta de Sorocaba a Bauru foi mais tranquila e chegamos no horário. Saldo do fim de semana: muito barro no tênis, roupas sujas, frio, Rubinho perdendo o título, Corinthians tomando de dois a zero e a porcada apanhando do Mengo com direito a gol olímpico e um ônibus perdido por falta de informação.

A lição para as próximas vezes é: achar um caminho alternativo, enquanto o carro da família não chega. Abaixo, Pedro, o pequeno herdeiro na chácara, ainda sem nome, da avó.