domingo, 28 de agosto de 2011

O homem na mesa do canto

Ele chegou e escolheu a mesa do canto. Havia apenas um casal no local, mas ele sabia que isso ia mudar. Em breve outras pessoas chegariam.
Ele pediu um chope e uma pizza pequena enquanto observava o movimento na rua. Sozinho.
Logo chegou uma família, pai, mãe e filha. Três senhoras também apareceram. Pessoas alegres, ou, pelo menos aparentavam ser.
O chope chegou, a pizza também. O primeiro casal partiu, mas chegou outro e ocupou outro lugar.
As três senhoras conversavam. A família estava afastada, ele não pôde ver.
Mais pessoas chegam. Duas meninas, um rapaz. Elas sentam de um lado ele de outro. Não são namorados. Ele é novo, elas também. Observam o movimento. Pouco.
Ele pensa em quantas vezes passou por lugares assim com amigos e com a família, hoje, longe.
Pede a conta, paga, atravessa a rua, pede a chave para o recepcionista do hotel. Boa noite. Fim.

Clipes que eu curto

Para quem nunca viu, aqui está o clipe oficial da abertura de Friends, I'll Be Ther For You (The Rembrandts):

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Passageiros

Em geral, temos visto que o mundo nos coloca no mesmo barco. Cabe a nós, como seres livres, ou quase livres, buscar outras formas de atravessar o oceano da vida, sem termos que nos espremer uns contra os outros em busca de um lugar ao sol.
Por onde vamos, com quem vamos e aonde queremos chegar, é o que determina se nossa jornada será bem sucedida ou não. Para os que creem em Deus, o céu será o limite.
Para os que acreditam em forças superiores, um estágio acima é o que nos espera. Para os que não acreditam em nada - se há quem não crê em nada - é, simplesmente o fim da viagem.
Para mim? Ora, quem sou senão mais um no convés de um navio escolhido a dedo, mas tomado por outros, que como eu, buscam apenas a melhor forma de atravessar.
Seja o que estiver do lado de lá do oceano, é apenas a próxima etapa da jornada. Talvez ela não termine. Talvez quem determine o paraíso sejamos nós, mas independentemente disso tudo, o fato é que somos sempre passageiros.

domingo, 14 de agosto de 2011

Oi, pai

Oi, pai, tudo bem?
Por aqui está tudo ótimo.
Hoje é nosso dia. Parabéns. Fico triste por não ter passado o dia com você, mas são coisas que acontecem. Saiba que estive aí em espírito.
Tenho um monte de coisas para falar, mas não sei exatamente por onde começar. Nós nunca fomos de falar muito, não é?
Mas eu queria que soubesse que, mesmo com poucas palavras, você sempre soube o que dizer.
Eu tenho muito orgulho de ser seu filho e tenho certeza que, apesar dos percalços no meio do caminho, você se orgulha de mim também.
Hoje posso dizer que aprendi demais com você, mesmo não demonstrando isso na maioria das vezes.
Grande parte das coisas que tento passar para meu, quer dizer, nosso, pequeno herdeiro, veio de você.
Dignidade, caráter, honra, respeito, enfim, valores que levamos para a vida toda. É isso que tento transmitir ao Pedro e, acho ótimo que você esteja presente para fazer todas as vontades dele e "estragá-lo".
Afinal, esse é o papel do avô. O meu papel é amenizar esse "estrago".
Queria que pudéssemos passar mais tempo juntos. Queria ir ao estádio com você. Se deu conta de que nunca fomos ver um jogo de nosso time juntos? Queria tanta coisa e nem sei qual seria a mais importante.
Quero que saiba também que, para mim, todos os dias são seus dias. Todos os momentos da vida tento imaginar o que você faria.
Todo o tempo lembro do que você me ensinou, mesmo que esse ensinamento não tenha sido com palavras.
Amo você, meu velho e, mesmo que não tenha dito isso ao longo de minha vida, quero que saiba que nunca deixei de amá-lo, nem quando tivemos nossas crises.
Ainda bem que você está por perto para me ajudar a criar meu filho. Sei que tem muito a ensinar para ele e sei que ele aprende muito com você todos os dias.
Feliz Dia dos Pais, meu velho.
Amo você.
Seu filho.




sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Eu tento fazer poesia...

passei os dias olhando as horas 
pensando em quantas vezes me vi assim
desprovido de pensamentos
simplesmente olhando
há momentos que não percebemos 
o quão difíceis são nossos dias 
e assim vivemos mais intensamente
há dias que não sabemos 
se as horas passam no compasso acelerado 
de nossos corações em fúria
ou se simplesmente se arrastam 
na cadência lenta e gradual 
dos passos infantis que nos cercam
olhei em volta de mim e não me vi
refletido no espelho das almas alheias 
que insistiam em me cercar
não me sinto apenas sozinho
me sinto desprovido de mim
nos absurdos que a vida prega
nas peças que assistimos sem ver
e nas calçadas calcadas na areia,brincamos
na ânsia infinita de ver e ver e ver
sem jamais ouvir, sentir ou pensar além

Velharias que circulam por aí

Parafraseando Zeca Baleiro, "Kid Vinil, quando é que tu vai gravar CD?". Para começar mais uma das inúmeras seções deste blog, nada como um bom e velho clipe.
O clipe abaixo é tosquíssimo e a música fez um puta sucesso no começo da década de 80. Com vocês, o grupo Magazine cantando Sou Boy.

O dentinho do Pedro

A distância às vezes nos impede de fazer parte de momentos importantes da vida de nossos filhos. O trabalho me tirou do conforto do lar e me colocou em um hotel em Itu, longe de minha cúmplice e de meu pequeno herdeiro.
Nesta semana, mais um acontecimento importante na vida do Pedro não teve minha presença. Se meus seis leitores me perguntarem, direi que me sinto mal por isso, mas acredito que ele entenda a ausência momentânea do pai.
Meu pequeno herdeiro perdeu seu primeiro dentinho. Está banguelinha! Pelo telefone, ele já narrou que outro dente está mole e deve cair em breve.
Ah, a "fada do dente"também passou por lá e deixou uma generosa quantia pelo dentinho.
- Foram duas notas de cinco, pai!
Só espero que esse valor se justifique por ser o primeiro dente, porque se for pagar essa quantia por cada dente, a "fada" vai à falência...

Pedro mostrando sua primeira janelinha

terça-feira, 9 de agosto de 2011

7 de agosto

Você sabia que 7 de agosto é o 219º dia do ano? Isso significa que, no ano em que você nasceu, teve de esperar 219 dias para vir ao mundo.
Você sabia que no dia 7 de agosto, Simon Bolívar derrotou os espanhóis na Batalha de Boyacá, Pablo Picasso terminou seu quadro O Tomateiro e Tim Berners-Lee inaugurou a World Wide Web colocando o primeiro site no ar?
Você sabia que em 7 de agosto nasceram Yoná Magalhães, Caetano Veloso, Vera Holtz, Bruce Dickinson, David Duchovny, Charlize Theron e até a espiã Mata Hari?
Aposto que você não sabia metade dessas coisas. Eu também não. Na verdade, todos esses acontecimentos não têm a menor importância para o dia 7 de agosto.
Nenhum dessas pessoas que nasceu em 7 de agosto têm a menor importância.
A única coisa que importa ser dita sobre o dia 7 de agosto é que você veio ao mundo e, com isso, deixou o meu mundo melhor.
Por mim, a América poderia continuar em poder dos espanhóis, Picasso poderia ser um mero pintor de paredes, a WWW nem precisaria existir, se não houvesse você.
Você é minha heroína, libertadora, artista, cantora, atriz, revolucionária, mãe, mulher, minha cúmplice.
É por você que acordo todos os dias e respiro, dou risada, choro, desafino, desafio. É por você que o tempo para, que as ondas do mar se acalmam, que o cinza da cidade grande se transforma em colorido, que o tédio do Interior se transforma em festa.
É por você que o mundo gira. É por você que o 7 de agosto é tão especial, porque você nasceu nesse dia e me fez renascer a cada dia pelo simples fato de existir e de estar ao meu lado. Te amo, todos os 365 dias do ano.





Sobre perdas e casamentos

Desde que nascemos sabemos que a vida reserva surpresas, algumas agradáveis, outras não. Muitas vezes os acontecimentos bons e ruins vêm de mãos dadas, como parece ser a regra.
Afinal, dizem que há uma linha tênue entre o amor e o ódio, o bem e o mal, a força e a fragilidade. Quem não lembra do ditado "há males que vem para o bem"?
É claro que, sempre que algo ruim acontece, esquecemos de coisas agradáveis. Algo que considero estranho, já que, precisamos de energias positivas para superar o que há de mal.
Na semana que passou tive dois acontecimentos (três, na verdade, mas o terceiro merece um post à parte). Na quarta-feira (3) uma tia muito querida nos deixou e partiu para outro plano.
O choque foi grande, afinal ela era uma das mais novas das irmãs de meu velho pai. Nossa querida tia estava doente, internada há algum tempo, e não resistiu. A tristeza foi grande. Ainda é, de fato.
Três dias depois, outro sentimento, desta vez de alegria. Depois de idas e vindas na vida, meu primo Fábio casou-se. Como todo evento familiar, foi um acontecimento marcante.
Talvez não pela cerimônia em si, mas pelo que veio depois. Não é todo dia que as ruas da cidade recebem um casal recém-casado saindo da igreja de moto.
A cerimônia, a comemoração, as conversas familiares foram apenas um detalhe diante do que vemos na foto abaixo. Felicidades.



terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quando seu filho chora

Meus seis leitores estão acostumados a acompanhar as peripécias do pequeno herdeiro por este blog, mas acredito que nunca tenha contado coisas tristes que aconteceram na nossa relação pai e filho.
Talvez porque seja mais justo com as crianças que divulguemos os momentos em que elas nos fazem sorrir, seja por suas observações, seja por suas vontades. Mas há passagens tristes que devem ser lembradas, até como exemplo do que devemos superar para dar ao filho tudo o que ele merece e precisa.
Por força da profissão de jornalista, já me mudei algumas vezes. Quando o pequeno herdeiro nasceu, eu morava em Araçatuba e minha cúmplice estava em São Paulo. Só quando Pedro tinha sete meses é que passamos a viver todos juntos, desta vez em Bauru.
No ano passado, voltei para São Paulo para trabalhar temporariamente no R7 e deixei, de novo, a Layla e o Pedro sozinhos. Mas ele superou bem, assim como ela. No começo deste anos, nos unimos de novo, em Sampa.
Mas não é fácil ser jornalista. Por força das circunstâncias tive que ir para Itu, para trabalhar no site da Fazenda. Até outubro estarei exilado por aqui. Foi exatamente na hora da despedida que meu coração apertou.
Quem tem filhos sabe a dificuldade de se despedir deles. Na hora de dar tchau eu desabei. O que acontece quando seu filho vê você para baixo? Ele cai junto.
Meu pequeno herdeiro se desmanchou em lágrimas e, essas lágrimas me doíam como se estivesse levando punhaladas. Cada gota que caía dos olhos do Pedro me atingia no fundo da alma.
Ficamos uns cinco minutos abraçados e, apesar de saber que eu deveria ser forte e pedir que ele fosse um bom menino, cuidasse da mamãe, fizesse a lição de casa, obedecesse, não conseguia articular uma palavra, só conseguia chorar.
Hoje, duas semanas depois, ele parece mais tranquilo. Nos falamos todos os dias e no final de semana estarei de folga. Mas não pensem meus seis leitores que está sendo fácil. Eu diria que está sendo quase insuportável.
Mas vai passar logo e daqui a pouco estaremos os três juntos de novo, eu, minha cúmplice e meu pequeno herdeiro. Aí, sim, vamos rir muito juntos.

Nova ortografia by Pedro

Palavra de hoje: Subinte

Significado: Rolante

Empregada na frase: "Vamos pela escada subinte".


Nota do blogueiro: Apesar de ter corrigido o pequeno herdeiro, como quando ele aplicou a palavra desaumentar, este pai babão não pôde deixar de rir diante da situação, afinal, "escada subinte" é muito mais interessante do que escada rolante. Mas é preciso tomar cuidado, o termo só pode ser usado para subir, para descer, obviamente deve ser "escada descente", o que rendeu o seguinte comentário do pequeno herdeiro: "Ah, pai!".


Em tempo (de novo): A língua portuguesa deveria usar o vocabulário infantil. É mais fácil e faz muito mais sentido.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dois meses depois

Quanta água passou por debaixo da ponte depois de dois meses sem postar nada. Meus seis leitores devem estar furiosos, ou nem sentiram minha falta, já que essas ausências são muito comuns.
Esses dois meses foram realmente torturantes, porque tinha vontade de postar, mas não sobrava coragem de sair da cama para escrever. Síndrome da preguiça total.
Mas agora estou de volta e poderei contar a vocês muita coisa do que se passou nesses dois meses. Fiz 41, o Brasil perdeu a Copa América, a Argentina também, a cúpula do Ministério dos Transportes foi para o espaço, a Amy morreu aos 27.
Sem falar que o Pedro, meu pequeno herdeiro, está cada dia mais peralta e minha cúmplice voltou a trabalhar e faz aniversário no próximo domingo.
Além disso, estou passando uma temporada em Itu, acompanhando a Fazenda. Trabalho, trabalho e trabalho. Aliás, é do quarto do hotel em Itu que nasce esse post.
Vamos ver se teremos mais amanhã.