sábado, 29 de janeiro de 2011

Eu tento fazer poesia...

Puta

Nas ruas te vejo passar
E lembro que o mundo é meu
Meu ego inflama e aquece
Desfruta de um fruto qualquer
És Maria, Aparecida
Desaparece quando és vida
Passa desapercebida
Nas ruas onde te vejo
Figuras fulguras altiva
Ativa, és Ana, Estér
Tens um nome qualquer
Mas no íntimo és uma só
Não sei seu nome
Sei todos
Não existes, és fantasia
Te chamo de Glória, Patrícia
Escandalizo as carolas
Dançando no meio da rua
Meu medo é não te ver
E curar a bebedeira
Te chamo de deusa, de Neuza
De Luzia ou de Francisca
O mais comum dos teus nomes
Porém, não me deixam dizer
Que nas ruas por onde passo
És chamada de mulher

Eu tento fazer poesia...

É sério, houve um tempo em que achei que podia mesmo fazer um poema concreto. Na minha opinião, o concreto rachou, mas é bonitinha. Vou tentar reproduzi-la da forma como a escrevi no caderno. Me perdoem, afinal, era adolescente, bolas.

a mente em devaneios
em ilusões constantes
                        antes
                        quando tudo era escuro
desperta-me
                   o medo
                   segredo
                   até que a vida não pare
                   a alma
                   estagnada
                                  marcada pela dor
ADIDREP
                   até quando esperar?
                   esperar o quê?
devaneios
anseios-meios-termos
                                 absurdos
                                     surdos
                                     mudos
                                     tudo!                      
                                                                    ME
                                                                    ENCARONO
                                                                    ESPELHO
                                                                    SEMMEVER

No calor as baratas se mostram

Meus seis leitores devem estar perguntando o que quis dizer com o título acima. Nada. Simplesmente estou com essa maldita frase na cabeça desde ontem à noite e achei que deveria aproveitá-la em algo.
Como sempre quis escrever alguma coisa com um título absurdo, resolvi usar a frase como título de um post para ver o que é que dá. Provavelmente este será um dos piores textos de minha carreira como blogueiro, mas aprendi com um compositor, não lembro qual, que temos de aproveitar todas as ideias, mesmo que elas sejam descartadas depois.
Por causa disso - e talvez porque eu tenha algum tipo de TOC - eu precisava escrever algo com o título "No calor as baratas se mostram". É algo semelhante a ter uma música na cabeça. Se você lutar para esquecê-la, com certeza ela vai continuar martelando no seu cérebro, mas se você cantar ela some. Comigo é assim pelo menos.
Com textos funcionam da mesma forma. Pena que, sempre que penso no título não penso no enredo e vice-versa. De qualquer forma, vou concluir esse post.
E só para não dizer que não falei das baratas, elas realmente se mostram no calor. São um saco, as mulheres morrem de medo, mas dizem que têm nojo e, fato comprovado, as voadoras são as piores. Aliás, o que Deus tinha na cabeça quando criou as baratas voadoras?

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A vida é mais dura só depois do carnaval?

Quando assisto o noticiário na tevê, leio os jornais, acesso a internet, fico  com uma estranha sensação de deja vu. Sabe quando você passa por um lugar em que nunca esteve e sente que o conhece de alguma forma, pois é. Mas, infelizmente não é apenas deja vu, é um filme repetido mesmo, desde que me conheço por gente.
Não é de hoje que as águas de janeiro castigam as grandes cidades - e as pequenas e médias também. Não é de hoje que o poder público entra em cena no começo de cada ano para dar suas justificativas furadas. Não é de hoje que os morros desbarrancam, as casas são arrasadas, as pessoas perdem bens materiais e, em muitos e assustadores casos, perdem a vida. Porém, não é de hoje que nada disso parece afetar a "festa popular" do carnaval.
Antes que me cornetem, entendo a necessidade de se divertir, entendo a alegria e a ansiedade com que as pessoas que gostam de carnaval aguardam essa festa. Entendo também o trabalho do ano todo feito pelas escolas de samba. Mas entender não significa aceitar.
E não é só o carnaval. As pessoas estão morrendo no Rio de Janeiro e a preocupação de alguns jornalistas, comentaristas e "autoridades" é se isso vai afetar a organização da copa do mundo e das olimpíadas. O que é isso? Há morte ali! Há dor! O que me importa se a copa ou os jogos olímpicos vão ou não se realizar? O que me importa se não houver carnaval? Não me importa!
O que preciso saber é até quando - e essa é uma pergunta que faço há muitos anos - os governos e os governados vão fingir que nada acontece ou inventar soluções paliativas para os problemas? Até quando as pessoas vão construir suas casas em áreas onde deveria haver terra e mato, não concreto? Até quando ficaremos reféns das chuvas e seremos pegos de surpresa, mesmo sabendo que isso acontece todos os anos? Até quando exaltaremos a solidariedade depois da tragédia, mesmo sabendo que a tragédia não deveria ter ocorrido? Até quando perguntaremos até quando?
Fica fácil apelar para Deus, São Pedro, Santo Expedito, anjos da guarda, Orixás ou qualquer outra força divina que se acredite. Fica fácil culpar a natureza. Fica fácil culpar o governo, quando para não pagar aluguel fazemos casas no morro ou nas margens de represas. Difícil é encontrar soluções, é sentar, pensar, fazer um brainstorm, ver o que já foi feito em outros países. Difícil é realizar! É irônico termos dinheiro para o carnaval, a copa e a olimpíada e não termos para resolver um problema que já é velho conhecido, que já entra sem pedir licença.
Nada disso é importante, porém. Logo chega o carnaval e esquecemos de tudo. Depois nós lembramos de novo.