sábado, 13 de junho de 2009

A farsa do dia dos namorados


O Brasil se caracteriza por ser um país farsante. Nós fingimos que não somos preconceituosos, fingimos que sabemos das coisas, fingimos que não sabemos das coisas, temos a capacidade de nos indignarmos com tudo e protestar, desde que seja em frente à televisão. Às vezes me sinto tirado daquela música do Ultraje a Rigor, Inútil, já que “a gente faz carro e não sabe guiar, a gente faz trilho e não tem trem pra botar...a gente faz música e não consegue gravar, a gente escreve livro e não consegue publicar” e por aí vai. Somos farsantes.
Aprendemos a conviver com a farsa desde pequenos. No Brasil não neva, mesmo assim, em cidades ensolaradas em pleno verão, vemos pessoas vestidas de Papai Noel com roupas pesadas e quentes e nossos enfeites de Natal lembram a neve, que cai na Europa e nos Estados Unidos nessa época do ano. Somos farsantes.
Temos milhões de feriados e datas comemorativas sem sentido algum. O dia das crianças foi uma invenção comercial, já que não há nada em outubro que faça o comércio vender. É o período de entressafra entre o dia dos pais (fictício) e o Natal.
Mas nada é mais obscuro do que o dia dos namorados no Brasil. Não há um motivo lógico para que o dia dos namorados seja em 12 de junho. Reza a lenda que é por conta do dia de Santo Antônio, considerado casamenteiro pela crendice popular, cuja data é comemorada no dia 13 do mesmo mês. Balela.
Na maioria dos países do mundo, o dia dos namorados é o dia de São Valentino, em 14 de fevereiro, cuja história explica o por quê da data. O imperador romano Cláudio II proibiu a realização de casamentos em seu reino, com o objetivo de formar um grande e poderoso exército. Cláudio acreditava que se os jovens não tivessem família, se alistariam com maior facilidade.
No entanto, um bispo continuou a celebrar casamentos, mesmo com a proibição do imperador. Seu nome era Valentim e as cerimônias eram realizadas em segredo. A prática foi descoberta e Valentim foi preso e condenado à morte. Enquanto estava preso, muitos jovens jogavam flores e bilhetes dizendo que os ainda acreditavam no amor. Entre as pessoas que jogaram mensagens ao bispo estava uma jovem cega: Asterias, filha do carcereiro a qual conseguiu a permissão do pai para visitar Valentim. Os dois acabaram se apaixonando e, milagrosamente, a jovem recuperou a visão. O bispo chegou a escrever uma carta de amor para a jovem com a seguinte assinatura: “de seu Valentim”, expressão ainda hoje utilizada. Valentim foi decapitado em 14 de Fevereiro de 270.
Tem um significado. Mas e o dia 12 de junho? Significa o que? Nada. O dia dos namorados é mais uma farsa comercial feita para tapar os buracos do comércio durante o mês de junho. É mais uma entressafra comercial. É uma farsa. Somos todos farsantes!

Nenhum comentário: